O caipira tinha dinheiro de sobra, gostava de ostentar seus carrões, roupas de grife e correntes de ouro, não abria mão de frequentar restaurantes caros. Mas não gostava de passar por jeca – sejamos francos: ninguém gosta de passar por jeca, ainda mais se for jeca.
Certa feita, nosso matuto veio para a capital a negócios. Resolveu jantar num restaurante chique. A desgraça é que ele não tinha a menor ideia do que pedir para comer e beber. Não entendia o que estava escrito no cardápio. Escolheu sua mesa a dedo. Ao lado da mesa de um grã-fino.
-- Garçom, me traga o prato de sempre – pediu o bacana, frequentador assíduo da casa.
O caipira não deixou por menos:
-- Dois.
O bacana pediu ao garçom “o vinho de sempre”.
E o caipira:
-- Dois.
Nosso jeca foi nessa batida até a hora da sobremesa. O bacana estava a ponto de estourar. E estourou:
-- Garçom, isso aqui está insuportável. Quero o manobrista.
-- Dois, pediu o caipira.
-- Escuta aqui, cidadão: um manobrista dá para os dois.
O caipira retrucou:
-- Nada disso! Cada um come o seu.
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