sexta-feira, 20 de março de 2015

A LITERATURA DE VIOLANTE PIMENTEL




               José Pereira, um comerciante de Natal, chegou em casa depois de um cansativo dia de trabalho, tomou banho, jantou com a esposa e os cinco filhos, mas não pôde ir dormir cedo, como costumava fazer, pois teria que ir esperar, na Estação Ferroviária, suas duas irmãs mais velhas, que viriam de Campina Grande (PB). Costumeiramente, o trem sempre chegava atrasado. A hora da chegada estava prevista para 22 horas, o que dificilmente acontecia.
               Depois de cochilar bastante na cadeira de balanço, José Pereira olhou para o relógio e viu que já estava na hora de ir para a Estação Ferroviária. Com muito sono e bastante irritado, ele disse à esposa:peruas
               - Cansado como estou, com sono, e tendo que acordar cedo amanhã para ir trabalhar, eu ainda tenho que ir à Estação Ferroviária, buscar aquelas duas peruas.
E saiu de casa, xingando as duas irmãs, dirigindo sua Rural, e se maldizendo por estar acordado numa hora daquela, somente por causa delas.
               O trem chegou quase às 23 horas. Ao ver as irmãs, passou completamente a irritação de José Pereira, pois a alegria de revê-las superou tudo que estava sentindo.
               Ao chegarem em casa, a esposa de José Pereira os esperava, e alguns filhos ainda estavam acordados. De repente, o filho caçula do casal, de cinco anos, despertou e adentrou à sala de jantar, onde todos estavam lanchando. Muito excitado com a chegada das tias e muito curioso, José Filho perguntou ao pai:
               - Pai, cadê as duas peruas que o senhor foi buscar na estação? Cadê, pai, as duas peruas que vinham de trem de Campina Grande?
               José Pereira e a esposa Nice disfarçaram, brincaram com o garoto e mandaram que ele voltasse para a cama. Disseram ao filho que, certamente, ele devia ter tido um sonho.
As duas irmãs, estranhando a pergunta do menino, se entreolharam desconfiadas, mas preferiram ignorar a pergunta do sobrinho caçula…

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