sábado, 28 de março de 2015

A FANTÁSTICA LITERATURA DO POVO...

Manoel Xudu
O homem que bem pensar
Não tira a vida de um grilo
A mata fica calada
O bosque fica intranqüilo
A lua fica chorosa
Por não poder mais ouvi-lo
* * *
Valdir Teles
Pai vinha de São José
Com uma bolsa na mão
Minha mãe abria a bolsa
Me dava a banda de um pão
Porque se desse o pão todo
Faltava pro meu irmão.
* * *
Nonato Costa
Quem compete com os anos perde a luta
Sem nenhum artefato de defesa,
Pois o fórum de Deus ganha a disputa
Decretando a falência da beleza,
As madeixas caindo a pele verte,
Não tem creme hidratante que conserte,
E nenhum tipo de plástica que ajude,
Na agência bancária do futuro
O presente começa a pagar juro
Do empréstimo que fez na juventude.
* * *
Mariana Teles
O levantar da cabeça
É sempre a melhor saída
Passar por cima dos baques,
Molhar com pranto a ferida,
Sem cansar, nem pedir pausa,
Na queda se enxerga a causa
Dos recomeços da vida!
* * *
João Paraibano
Branca, preta, pobre e rica,
Toda mãe pra Deus é bela;
Acho que a mãe merecia
Dois corações dentro dela:
Um pra sofrer pelos filhos;
Outro pra bater por ela.
* * *
Zé Melancia
Já fui cantador destemido
Cantador de alta classe…
Já cantei face a face
Com poeta garantido…
Com rima e verso medido,
Na matéria e em repente,
Quem fui eu antigamente,
Quem estou sendo hoje em dia,
Só resta da melancia
A casca e uma semente
* * *
Cícero Vieira da Silva
Nasci numa cordilheira
Numa casa muito ruim,
As telhas eram de capim
E a porta era uma esteira;
No pé de uma ladeira
Foi onde fizeram ela
Se um gato subisse nela
Só faltava derribar…
Antes da chuva chegar
Já chovia dentro dela.
* * *
Otacílio Batista
Fazer o bem é perdido,
fazer o mal não convém,
entre a maldade e o bem,
quem faz o bem é traído.
Eu não fui compreendido,
quando tive compaixão
de quem me estendia a mão,
desejando ser feliz:
A quem mais favor eu fiz
Só me fez ingratidão.
 * * *
Francisco Caetano
Meu dom é dado por Deus
Quando eu morrer ele fica
Eu sou pobre igual a Jó
Mas a minha rima é rica
Possui o gosto da fonte
Do olho d`água da bica.
* * *
Oliveira de Panelas
Quando o óvulo fecundo acelerado ,
Gira o sangue com toda hemoglobina,
Nisso a mãe necessita proteina
Para dar a seu filho encarcerado
Onde todo o destino foi marcado
Logo após o contato conjugal
Na primeira carícia sensual;
O espírito na carne se mistura,
O destino de cada criatura
É traçado no ventre maternal.
* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário