quinta-feira, 13 de outubro de 2011

POESIA, DOCE POESIA...



Goga Monteiro glosando o mote:
Chorando, levando ponta
Bebendo cana e roendo
Esse adorno impopular,
Tão deprimente e imundo,
Eu jurava a todo mundo
Jamais na cabeça usar.
Mas ela, ao me ouvir jurar,
Deu-me esse golpe estupendo
Que me fez ficar sofrendo
Mil por cento além da conta,
Chorando, levando ponta,
Bebendo cana e roendo.
Mulher depravada e louca,
Cadê o seu compromisso?
Por que você me fez isso,
“Infeliz da costa oca?”
Eu, que nunca andei de “touca”,
Hoje estou andando e vendo
Que as galhas que vão nascendo
Me deixam de cuca tonta,
Chorando, levando ponta,
Bebendo cana e roendo.
Enquanto a peste empeçonha
Nosso amor que eu zelei tanto,
Eu vou procurando um canto
Pra me esconder com vergonha…
Mas a dor é tão medonha
Que enquanto estou me escondendo
Ouço outro “corno” dizendo,
Com voz que me desaponta:
“Vou morrer levando ponta,
Bebendo cana e roendo”.
* * *
Moyses Sesyom glosando o mote:
Dá sapato e dá gibão
Toda obra o couro dá.
Dá manta, bota e silhão,
Dá chapéu, dá bandoleira,
Dá corona e dá perneira,
Dá sapato e dá gibão.
Pra se fazer matulão
O couro é como não há,
Serve até pra caçuá.
Dá peia, dá rabichola,
Se prendendo o couro ou sola,
Toda obra o couro dá.
* * *
Joaquim Crispiniano Neto glosando o mote:
No ano que falta inverno
O pobre sofre demais
É de cortar coração,
os pobres na indigência
e o serviço de emergência
em atraso e confusão
senhor ministro, o sertão
não tá suportando mais
nesses dias nossa paz,
pode tornar-se um inferno
No ano que falta inverno
o pobre sofre demais
* * *
Moacir Laurentino glosando o mote:
A escola da vida ensina mais
Do que grupo, cursinho e faculdade
Para o homem que tem inteligência
Cada dia que passa é uma escola
Pra mim que só uso essa viola
Por sinal de improviso e competência
Basta ler da Divina Providência
A altura da grande imensidade
As estrelas de branda claridade
Por entre raios que são cor de cristais
A escola da vida ensina mais
Do que grupo, cursinho e faculdade.
* * *
João Paraibano glosanto o mote:
Vou no trem da saudade todo dia
Visitar o lugar que fui criado
No vagão da saudade eu tenho ido
Ver a casa que antes nasci nela
Uma lata de flores na janela
A parede de taipa, o chão varrido
Milho mole esperando ser moido
Numa máquina do veio enferrujado
Que apesar da preguiça e do enfado
Mãe botava de pouco e eu moía
Vou no trem da saudade todo dia
Visitar o lugar que fui criado.
* * *
Gilmar Leite glosando o mote:
Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor
Quando a mão que derrama sutileza
Solta pingos de água num jardim
Cada pétala se abre dum jasmim
Num sorriso de dúlcida pureza.
Uma essência se exala com leveza
Dando beijos na mão com seu olor
Perfumando com plácido fulgor
Numa oferta divina do seu lume
“Sempre fica a presença do perfume
Entre os dedos da mão que rega a flor”.
* * *

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