Sei que amanhã, quando eu morrer, os meus amigos vão dizer, que eu tinha um bom coração. Alguns até hão de chorar e querer me homenagear fazendo de ouro um violão. Mas depois que o tempo passar, sei que ninguém vai se lembrar que eu fui embora. Por isso é que eu penso assim, se alguém quiser fazer por mim que faça agora. Me dê as flores em vida, o carinho, a mão amiga, para aliviar meus ais. Depois que eu me chamar saudade, não preciso de vaidade. Quero preces e nada mais! (Quando Eu Me Chamar Saudade – Nelson Cavaquinho)
Para a nossa sorte, ele estava enganado. Vinte e cinco anos depois da sua morte, Nelson Antônio da Silva continua mais vivo do que nunca – não só na memória do povo, mas em novos registros em livro e disco. O autor de “Folhas secas” e “A Flor e o Espinho” – entre outras 400 canções – é retratado no livro “Nelson Cavaquinho – Violão Carioca”, do jornalista, pesquisador e músico Afonso Machado, além do CD “Nelson Cavaquinho”, do grupo Galo Preto, que traz releituras instrumentais das grandes obras de Nelson. Tudo isso, com direito a noite de lançamento cercada de amigos, parentes e, claro, muito samba, marcada para quinta-feira (dia 27), às 19h, no Museu da República.
A data não é por acaso – no dia 28 de outubro ele completaria 100 anos se estivesse vivo. A trajetória do ícone personifica a essência do samba e do choro. Seu filho caçula, Nelson Luiz da Silva, conta que o pai gostava de compor até na hora do banho.
“De onde estivesse, saía, anotava a letra em papel de pão e procurava entregar para quem prometesse gravar. Só que ele acabou perdendo muitas músicas assim. Aí, de forma irônica, dizia ‘Essa já foi’”, lembra.
Histórias da intimidade de Nelson prometem animar a noite. Uma das mais conhecidas aconteceu na época em que ele era soldado da Polícia Militar. O compositor “estacionou” seu cavalo próximo ao Buraco Quente, no pé do Morro da Mangueira, e por lá ficou durante horas. O bicho não gostou muito e voltou sozinho para o quartel, deixando Nelson à pé.
Beija-Flor
MPB4
Vai beija-flor
Deixa a roseira
Faz me lembrar
O meu amor
Hoje sou triste
Sinto saudade
Volta para mim
Felicidade
Pobre de quem
Desiste da vida
Não quero ser
Um suicida
A dor me abraça
Ah, tão cruel
Minha esperança é Deus no céu
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