segunda-feira, 31 de outubro de 2011

LOUCO POR CACHORRO...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL...


PAULO HENRIQUE E BRENA, GENRO E FILHA,PAPARICANDO BIBÍ CELESTINO PIMENTEL...


sou um homem louco por cachorro...Sou um homem que não viveria sem cachorros...sou multifacético...adoro música, tocar,cantar,criar cachorros, poesia,e preciso fechar os olhos para enxergar bem...
Sou um criador de PASTOR SUÍÇO...cachorros brancos,cujas partes sem pelos são pretas...converso normalmente com um cachorro...
Estava com uma ninhada linda, de dois meses...nunca tinha conseguido uma linhagem tão pura...comprei as vacinas e levei para Santo António...me esquecí das seringas...adiei a vacinação, e coloquei as vacinas no congelador...os filhotes eram tão puros,que antes de um mês levantaram as orelhas, e encostavam uma na outra...
Dez dias depois,compro as seringas, e vou com Bruno,meu filho urologista,vacina-los...tiro as vacinas do congelador,na véspera,e pela manhã , aplico-as...
Duas horas após,noto que um dos bichos ficou triste, e interpretei como uma reação á vacina...enfim,TODOS OS FILHOTES DESENVOLVERAM PARVOVIROSE, uma virose que mata o cachorro de DIARRËIA COM FEZES PRETAS,como pixe...dos seis,escaparam dois,o patinho feio, a fêmea raquítica da ninhada,e o cachorro que eu havia doado a meu pedreiro querido,ZEZINHO...pois este teve a iniciativa de internar os dois , na clínica veterinária da cidade...iniciativa que tomou na minha ausencia.
Tenho duas hipóteses para explicar o fato:ou eles já estavam com os virus encubados,ou o fato do congelamento da vacina ter retirado a ATENUAÇÀO DOS VIRUS...FICO COM A SEGUNDA HIPÓTESE... o vendedor das vacinas me disse que as mesmas tinham que ser conservadas á 8 graus centígrados,portanto na geladeira,mas fora do congelador...VOU TIRAR A MINHA DÚVIDA COM DR.EUCLIDES DE CASTRO,meu amigo e consultor para assuntos caninos...
O que me impressiona, é ter sobrevivido o mais fraco,o mais raquítico,o que chegava pouco nas tetas da mãe,pois o fortes não deixavam...
FIQUEI COM A SOBREVIVENTE,BIBÍ, que é intiligentíssima,está gozando de plena saúde, e afinando o pelo...com três meses, já assumiu a condição de GUARDA...já encosta uma orelha na outra,late e corre para o portão quando fareja estranhos...
OS CACHORROS ajudam a limpar a angústia que suja os homens...SÃO terapeuticos...são amigos,são gratos...não é atoa que Vinicius de Moraes dizia:O WISKHIE É O CACHORRO DA GENTE ENGARRAFADO...é um elixir para a alma.

SOBRE A LABUTA...



Os Argonautas

Caetano Veloso

O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...

Navegar é preciso
Viver não é preciso...(2x)

O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...

Navegar é preciso
Viver não é preciso (2x)

O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...

Navegar é preciso
Viver não é preciso...(6x)

domingo, 30 de outubro de 2011

NA BOCA DO POVO...










PROCURANDO UM TEMPO QUE REFAÇA O QUE DESFEZ...


Todo o Sentimento

Chico Buarque

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

LEMBRANÇAS...

Lembrança da Fazenda Pereiros

Jumento zurrando
A besta no cio
E a onça esturrando
Na beira do rio

Lagoa coalhada
De jia e caçote
A cobra no bote
já desenrolada

a lua brincando
c’ a nuvem vadia
na boca do dia
os “passo” piando

É essa a lembrança
Qu’ eu guardo , cansado
De um tempo passado
Na velha fazenda
Cigano sem tenda
Sem muita esperança
Um velho-criança
Um pobre coitado

A DIFERENCIAÇÃO DA PRESIDENTA DILMA.

FHC...O TRUNFO DE DILMA.

Ruy Fabiano

À presidente Dilma Roussef atribui-se escassa vocação política, o que agravaria os desafios que a pesada herança lulista lhe impôs. Ao menos num ponto, porém, essa afirmação merece ser revista: na capacidade que Dilma teve de atrair o principal quadro oposicionista – ninguém menos que Fernando Henrique Cardoso.

Foi uma façanha inteiramente construída por ela – e condenada por seu mentor, Lula, e pelo PT. Dilma, em junho passado, por ocasião dos 80 anos de FHC, escreveu-lhe uma carta, que tornou pública, reconhecendo o papel histórico que teve, no processo de redistribuição de renda e de saneamento da economia.

FHC, que fora crítico da presidente desde quando candidata, deu mostras de que o reconhecimento o sensibilizara. Não apenas fez-lhe elogios públicos, como passou a recomendar ao PSDB comportamento moderado em relação ao governo e a sustentar que a desestabilização da presidente era um desserviço ao país.

Até ali, já haviam caído três ministros e falava-se, na imprensa e no Congresso, na necessidade imperiosa de uma faxina ministerial em regra, o que seria desastroso para a presidente, já que se sabia que o que ocorrera na órbita dos ministros demitidos não eram fatos isolados, mas um padrão de governo, concebido por seu antecessor. Faxina, portanto, significava montar outro governo.

Diante dessa impossibilidade, FHC aconselhava maior tolerância e compreensão, para que a presidente pudesse, aos poucos, tomar pulso da situação e colocar em prática o seu programa de governo. Um argumento de aliado, jamais de adversário.

A recomendação teve reflexo interno no PSDB, que excluiu de seu comando justamente sua liderança mais crítica, o ex-governador José Serra, abrindo espaço para a ala mineira, de Aécio Neves, mais sensível à pregação conciliadora.

Desde então, o principal partido da oposição aprofundou sua crise de identidade. Não obstante a continuidade dos escândalos, que esta semana impuseram a demissão do ministro dos Esportes, Orlando Silva – o sexto, em dez meses, um recorde mundial no presidencialismo -, o partido manteve-se inerme no Congresso.

Limita-se a alguns discursos críticos, de fachada. A demissão de Orlando Silva, por exemplo, é obra incompleta na medida em que não alcança seu antecessor na pasta, o hoje governador de Brasília, Agnelo Queiroz, acusado de montar a máquina que sangrou recursos do Estado para o seu então partido, o PC do B, e ONGs amigas. Queiroz só trocou de partido porque o PT lhe oferecia condições mais concretas de vitória eleitoral.

Em meio a esse clima de crise, que a cada demissão se agrava, FHC recebe convite – e aceita – para ir ao Palácio da Alvorada, a primeira vez que ali vai desde que passou a faixa a Lula, em 2003.

Oficialmente, foi para um jantar formal em torno do grupo conhecido como The Elders (os anciãos, em português), que reúne líderes mundiais em torno de uma agenda de promoção da paz. FHC teria tido a ideia do encontro.

Sabe-se, porém, que, em política, formalidades servem de pretexto e cenário para consolidar alianças. Recebido em palácio, com pompa e circunstância, FHC seguramente dará sequência à sua missão moderadora dentro do PSDB, num momento em que a presidente necessita dramaticamente de bombeiros eficazes fora da órbita sectária do PT e adjacências.

Esse, reconheça-se, é um patrimônio político que Dilma construiu, à revelia de seus tutores, e que, neste momento, é o que de mais valia dispõe para enfrentar a tempestade política que se abate sobre seu governo. Tempestade que não tem prazo para acabar, nem se sabe como irá terminar.

sábado, 29 de outubro de 2011

LULA COM CANCER DE LARINGE...


Central de Notícias
SÃO PAULO - O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, de 66 anos, foi diagnosticado com tumor localizado de laringe após realizar exames neste sábado, 29, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.


Ex-presidente passará por quimioterapia
Após avaliação multidisciplinar, foi definido tratamento inicial com quimioterapia, que será iniciado nos próximos dias. Segundo boletim médico divulgado pelo hospital, Lula está bem e deverá realizar o tratamento em caráter ambulatorial.

A presidente Dilma Rousseff passou em 2009 por tratamento para linfoma não-Hodgkin.



29/10/2011 às 12:17
Lula fará quimioterapia para tratar tumor na laringe, informa hospital

Do G1, em Brasília

O hospital Sírio-Libanês informou na manhã deste sábado (29) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 66 anos, será submetido a um processo de quimioterapia para tratamento de um tumor na laringe.

Segundo nota do hospital, exames realizados por Lula neste sábado, em São Paulo, identificaram a doença. De acordo com os médicos, ele “encontra-se bem” e fará tratamento ambulatorial.

A laringe é um órgão situado na região do pescoço e tem funções respiratórias e relacionadas ao aparelho vocal.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, o câncer de laringe atinge principalmente homens e é um dos mais comuns na região da cabeça e pescoço. O site do instituto informa que fumantes têm dez vezes mais chances de desenvolver câncer de laringe que pessoas que não fumam.

O câncer de laringe representa cerca de 25% dos tumores malignos na região da cabeça e pescoço, segundo o site do Inca. O instituto informa que dois terços dos tumores do gênero ocorrem na corda vocal.

Na última quinta (27), o ex-presidente comemorou no apartamento onde mora, em São Bernardo, o aniversário de 66 anos. Na segunda (22), ele esteve em Manaus AM), ao lado da presidente Dilma Rousseff, participando da inauguração de uma ponte sobre o Rio Negro.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo hospital:

“BOLETIM MÉDICO

29/10/2011

11h00

O Ex-Presidente da República, Sr. Luís Inácio Lula da Silva realizou exames no dia de hoje no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, tendo sido diagnosticado um tumor localizado de laringe.

Após avaliação multidisciplinar, foi definido tratamento inicial com quimioterapia, que será iniciado nos próximos dias. O paciente encontra-se bem e deverá realizar o tratamento em caráter ambulatorial.

A equipe médica que assiste o Ex-Presidente é coordenada pelos Profs. Drs. Roberto Kalil Filho, Paulo Hoff, Artur Katz, Luiz Paulo Kowalski, Gilberto Castro e Rubens V. de Brito Neto.

Dr. Antonio Carlos Onofre de Lira - Diretor Técnico Hospitalar

Dr. Paulo Cesar Ayroza Galvão - Diretor Clínico”

DUETO...



Consta nos astros, nos signos, nos búzios
Eu li num anúncio, eu vi no espelho, tá lá no evangelho, garantem os orixás
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos autos, nas bulas, nos dogmas
Eu fiz uma tese, eu li num tratado, está computado nos dados oficiais
Serás o meu amor, serás a minha paz
Mas se a ciência provar o contrário, e se o calendário nos contrariar
Mas se o destino insistir em nos separar
Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas
Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos
Profetas, sinopses, espelhos, conselhos
Se dane o evangelho e todos os orixás
Serás o meu amor, serás, amor, a minha paz
Consta na pauta, no Karma, na carne, passou na novela
Está no seguro, pixaram no muro, mandei fazer um cartaz
Serás o meu amor, serás a minha paz
Consta nos mapas, nos lábios, nos lápis
Consta nos Ovnis, no Pravda, na Vodca

FERNANDO PESSOA...

O Livro do Desassossego, de Bernardo Soares

“A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.
Isto não vem a propósito de nada.
Tenho sonhado muito. Estou cansado de ter sonhado, porém não cansado de sonhar. De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos. Em sonhos consegui tudo. Também tenho despertado, mas que importa? Quantos Césares fui! E os gloriosos, que mesquinhos! César, salvo da morte pela generosidade de um pirata, manda crucificar esse pirata logo que, procurando-o bem, o consegue prender. Napoleão, fazendo seu testamento em Santa Helena, deixa um legado a um facínora que tentara assinar a Wellington. Ó grandezas iguais à da alma da vizinha vesga! Ó grandes homens da cozinheira de outro mundo! Quantos Césares fui, e sonho todavia ser.
Quantos Césares fui, mas não dos reais. Fui verdadeiramente imperial enquanto sonhei, e por isso nunca fui nada. Os meus exércitos foram derrotados, mas a derrota foi fofa, e ninguém morreu. Não perdi bandeiras. Não sonhei até ao ponto do exército, onde elas aparecessem ao meu olhar em cujo sonho há esquina. Quantos Césares fui, aqui mesmo, na Rua dos Douradores. E os Césares que fui vivem ainda na minha imaginação; mas os Césares que foram estão mortos, e a Rua dos Douradores, isto é, a Realidade, não os pode conhecer.
Atiro com a caixa de fósforos, que está vazia, para o abismo que a rua é para além do parapeito da minha janela alta sem sacada. Ergo-me na cadeira e escuto. Nitidamente, como se significasse qualquer coisa, a caixa de fósforos vazia soa na rua que se me declara deserta. Não há mais som nenhum, salvo os da cidade inteira. Sim, os da cidade dum domingo inteiro – tantos, sem se entenderem, e todos certos.
Quão pouco, no mundo real, forma o suporte das melhores meditações. O ter chegado tarde para almoçar, o terem-se acabado os fósforos, o ter eu atirado, individualmente, a caixa para a rua, mal disposto por ter comido fora de horas, ser domingo a promessa aérea de um poente mau, o não ser ninguém no mundo, e toda a metafísica.
Mas quantos Césares fui!”
(27/06/1930; em “Livro do Desassossego”)

O poeta Fernando Pessoa tinha uma atração peculiar por Bernardo Soares. Para início de conversa, ele o classificava de semi-heterônimo porque: “não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela”. Ou ainda: “Sou eu menos o raciocínio e a afetividade.” É importante destacar que foi por meio de Bernardo Soares, autor de “O Livro do Desassossego”, espécie de diário em prosa poética escrito a partir de 1914 que o poeta Fernando Pessoa mais sinceramente falou de si mesmo.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

VERSOS ÍNTIMOS...AUGUSTO DOS ANJOS...

10_27_rosalba1
O ventríloquo Carlos Augusto
...
10_26_Paulo
Paulo de Tarso
...
...




Versos Íntimos

Augusto dos Anjos


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

VAMOS AMAR...



Façamos (Vamos Amar)
Chico Buarque


Os cidadãos no Japão fazem
Lá na China um bilhão fazem
Façamos, vamos amar
Os espanhóis, os lapões fazem
Lituanos e letões fazem
Façamos, vamos amar
Os alemães em Berlim fazem
E também lá em Bonn
Em Bombaim fazem
Os hindus acham bom
Nisseis, níqueis e sansseis fazem
Lá em São Francisco muitos gays fazem
Façamos, vamos amar
Os rouxinóis nos saraus fazem
Picantes pica-paus fazem
Façamos, vamos amar
Uirapurus no Pará fazem
Tico-ticos no fubá fazem
Façamos, vamos amar
Chinfrins, galinhas afim fazem
E jamais dizem não
Corujas sim fazem, sábias como elas são
Muitos perus todos nus fazem
Gaviões, pavões e urubus fazem
Façamos, vamos amar
Dourados no Solimões fazem
Camarões em Camarões fazem
Façamos, vamos amar
Piranhas só por fazer fazem
Namorados por prazer fazem
Façamos, vamos amar
Peixes elétricos bem fazem
Entre beijos e choques
Cações também fazem
Sem falar nos hadoques
Salmões no sal, em geral, fazem
Bacalhaus no mar em
Portugal fazem
Façamos, vamos amar
Libélulas em bambus fazem
Centopéias sem tabus fazem
Façamos, vamos amar
Os louva-deuses com fé fazem
Dizem que bichos de pé fazem
Façamos, vamos amar
As taturanas também fazem
com um ardor incomum
Grilos meu bem fazem
E sem grilo nenhum
Com seus ferrões os zangões fazem
Pulgas em calcinhas e calções fazem
Façamos, vamos amar
Tamanduás e tatus fazem
Corajosos cangurus fazem
Façamos, vamos amar
(Vem com a mãe)
Coelhos só e tão só fazem
Macaquinhos no cipó fazem
Façamos, vamos amar
Gatinhas com seus gatões fazem
Tantos gritos de ais
Os garanhões fazem
Esses fazem demais
Leões ao léu, sob o céu, fazem
Ursos lambuzando-se no mel fazem
Façamos, vamos amar
Façamos, vamos amar

KALÚ...



Kalu
Chico Buarque


Kalu, Kalu
Tira o verde desses óios di riba d'eu
Kalu, Kalu
Não me tente se você já me esqueceu
Kalu, Kalu
Esse oiá despois do que se assucedeu
Cum franqueza só n'um tendo coração
Fazê tal judiação
Você tá mangando d'eu
Com franqueza só não tendo coração
Fazê tal judiação
Você tá mangando d'eu

PROSA POÉTICA...

Inédito - Augusto de Guimaraens Cavalcanti


Não tinha túnel. O lado de dentro refletia o lado de fora. Nadando assim na piscina desses olhos verdes (alguém esperava o tiroteio passar).

Delírios oceânicos germinavam dos teus óculos: pequenas máquinas de enxergar.

Livros brotavam do seu peito. Sim, a cidade era dos arranha-céus

Sim, mas a felicidade não podia ser medida como uma mera

expectativa de pavimentação e argamassa.Em cada edifício alguém enlouquecia e tentava arranhar o céu. A cidade era daqueles que arranhavam os céus para depois

incendiar a própria noção de céu,

como os que arrancam as luas de isopor e depois desfolham os calendários,

como os vulcões presos dentro das lombadas dos dicionários,

como os encaixes que se desencaixam e permanecem belíssimos;

Os incêndios nunca correspondem às destruições

Sim, a cidade era dos arranha-céus, daqueles que cravavam suas garras

e depois bebiam tranquilamente

seus refrigerantes de petróleo.

Sim, mas mesmo assim flutuavam os pássaros de Hitchcock

Mesmo assim os planetas entravam em fusão

Mesmo assim sobrenadavam os corvos de Allan Poe

Mesmo assim as bibliotecas brotavam das árvores

Sim, a cidade era a cidade dos inocentes, daqueles que queriam as profundidades sem imersão,

daqueles que dançavam sem êxtases ou possessões,

dos iluminados no céu escuro. Sim, sim, a cidade pertencia àqueles que fotografavam tudo,

daqueles que sabiam que o susto era a alma do negócio.

Dos que arranham os céus com as unhas e depois saiam

distraídos para caminhar....

Sim, sim, sim, mas mesmo assim permaneceriam os venenos de veludo,

de beijos sem nomes, amores sem sobrenomes,

agendas sem datas, luas sem GPS, os olhos espirrando mel sobre os mortos

da noite anterior.

Mas mesmo assim nos permaneciam as asas crescendo durante a noite,

enquanto os inocentes dormiam;

asas que iam inflando como giletes e escorregavam de dentro de nossas peles até incharem tanto que logo arrebentavam de manhã e nos deixavam aqui mesmo tontos caídos e atordoados no continente do chão.

Nascíamos, também.



Augusto de Guimaraens Cavalcanti nasceu no dia 19 de julho de 1984. É um talentoso poeta da nova geração. Faz parte do grupo 'Os Sete Novos' ao lado dos poetas Domingos de Guimaraens e Mariano Marovatto. Publicou 'Poemas para se ler ao meio dia', 'Amoramérica' e 'Os tigres cravaram as garras no horizonte'. Apresenta-se constantemente em eventos de poesia no Rio de Janeiro com o CEP 20000. Prepara seu terceiro livro 'Fui para Bulgária procurar Campos de Carvalho'

PÃOZINHO DE AÇUCAR...















Pãozinho de Açucar

Martinho da Vila

Ah!
Sou gamado por você
Não devia, mas não posso
Dominar meu coração
Oh!
Meu pãozinho de açúcar
Quero ser seu Corcovado
Sua Barra da Tijuca
Cheguei de mansinho
Em busca do amor
Então mergulhei
Na sua lagoa
Tal um peixinho
Nadei no seu rio
Deitei no seu leito
Fiquei numa boa
Vou fazer nenem
Na sua barriga
Porque você é a maravilhosa
Bela, gostosa
Sem fantasia
Manda no rei
Cai na folia

MARQUE COM X, QUAL É O PRÓXIMO MINISTRO QUE SERÁ PEGO COM A MÃO NA BOTIJA...





O Brasil é Medalha de Ouro, primeiro sem segundo, na modalidade olímpica Queda de Ministro.

Nunca um presidente eleito por voto direto no pós-ditadura teve tantos ministros chutados pra fora por corrupção nos 10 primeiros meses de mandato. Todos eles, sem exceção, foram demitidos pela imprensa brasileira. Contando com Orlando Silva, dá uma demissão a cada 48,5 dias: é recorde mundial!

EXCESSO DE BAJULAÇÃO...PELO PAPA BERTIUS I...

Considerado um dos ministros mais inúteis da Esplanada dos Ministérios, e por isso com data marcada para ser demitido, Carlos Lupi (Trabalho) provocou grande constrangimento a presidenta Dilma, nesta quarta-feira, durante solenidade no Palácio do Planalto, ao beijar-lhe a mão de maneira pouco elegante, porque um cavalheiro não se curva tanto, e exageradamente subserviente.

O gesto deixou constrangida também a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), que assistiu a cena e conhece como poucos a ojeriza de Dilma pelo ainda ministro do Trabalho. Ojeriza que a presidenta expôs em sua face, num misto de asco e impaciência diante da curvatura espinhal do ministro bajulador.

* * *

Esta foto aí de cima foi feita ontem. Mas aqui nos arquivos implacáveis do JBF tem outro flagrante, feito em dezembro do ano passado, onde o sabujo rastejante bajula a presidenta eleita e que ainda não havia tomado posse.

Acabei de enviar mensagem pro desnecessário e inútil ministro Lupi convidando-o pra entrar na Igreja Sertaneja.

Xaleirador e corta-jaca do jeito que é, vai fazer uma carreira rápida e brilhante na nossa santa madre, cuja hierarquia é preenchida prioritariamente por cabras que sabem babar-ovo. E pinguelo também…

PATATIVA DO ASSARÉ...


O MEU LIVRO

Meu nome é Chico Braúna
Eu sou pobre de nascença
Deserdado de fortuna
Mas rico de consciença
Nas letras num tive estudo
Sou nafabeto de tudo
De pai, de mãe, de parente
Mas tenho grande prazê
Pruquê aprendi a lê
Duma forma deferente

ABC nem beabá
No meu livro não se encerra
O meu livro é naturá
É o má, o céu e a terra
Com a sua imensidade
Livro cheio de verdade
Da beleza e de primô
Tudo incadernado, iscrito
Pelo pudê infinito
Do nosso Pai Criadô

O meu livro é todo cheio
De muita coisa incelente
Em suas foia é que leio
O pudê do Onipotente
Nesta leitura suave
Eu vejo coisa agradave
Que muita gente não vê
Por isso sou conformado
Sem eu nunca tê pegado
Numa carta de ABC

Num é preciso a pessoa
Cunhecê o beabá
Pra sê honesta e sê boa
E em Jesus acreditá
Deus e seu milagre exato
Eu vejo mesmo nos mato
Justiça, verdade e amô
De minha mente não sai
Deste jeito era meu pai
E o finado meu avô

De que adianta a ciença
Do professô estudioso
Se ele não crê na existença
De um grande Deus Poderoso?
Eu sem tê letra nem arte
Vejo deus em toda parte
O seu pudê radiante
Tá bem visive e presente
Na mais pequena semente
E no maió elefante

Deus é força infinita
É o esprito sagrado
Que tá vivendo e parpita
Em tudo que foi criado
Não há quem possa contá
É assunto que não dá
Pra se dizê no papé
Não inziste professô
Nem sábio, nem iscritô
Pra sabê Deus cuma é

Apenas se tem certeza
Que ele é a santa verdade
E é a subrime grandeza
Em bondade e divindade
Porém se ele é infinito
E soberano e bendito
De tudo superiô
Que até os bicho lhe adora
Proquê muitos tão pro fora
Das orde do Criadô?

Deus quando o mundo criou
Ordenou a paz comum
E com amô insinou
O devê de cada um
Os home pra trabaiá
Um ao outro respeitá
E a boa istrada segui
E os bicho irracioná
Promode se alimentá
Produzi e reproduzi

Ainda hoje os animá
As orde santa obedece
Sem uma virga faltá
Se alimenta, omenta e cresce
Eles que nada raciocina
Não pensa nem tem razão
Continua sem disorde
Sempre obedecendo as orde
Do Sinhô da criação

Segue o seu caminho exato
Até a própria formiga
Trazendo foia dos mato
Dentro da terra se abriga
Sem nada contrariá
Cumprindo as lei naturá
Ao divino mestre atende
Sabe até fazê iscola
Pois ela só corta as foia
Das foia que não lhe ofende

Se o joão-de-barro, o pedreiro
Sabendo que não se atrasa
Faz de dezembro a janêro
A sua bunita casa
Com as porta pro poente
Pois nunca faz pro nascente
É orde do Sumo bem
Nunca aquele passarinho
Faz a porta do seu ninho
Do lado que a chuva vem

Tudo segue as orde santa
Sem havê ninhuma fáia
Enquanto a cigarra canta
A furmiguinha trabáia
Bria o lindo vaga-lume
Faz a aranha o seu tissume
E o passo beija-fulô
Voa pra frente e pra trás
E o certo é que todos faz
Aquilo que Deus mandô

Será que o home, esse ingrato
Dotado de intiligença
Vendo os bichinho do mato
Com tamanha obediença
Não se sente incabulado
Acanhado, invergonhado
Por não sigui as lição
Da istrada da sua vida
Esta graça concedida
Pelo autô da criação

A Divina Providença
Com o seu imenso pudê
Deu ao home intiligença
Foi pra ele se regê
Não precisa o Soberano
Chegá a dizê: Fulano
Seu caminho é por ali
Deus lhe deu o dom divino
O dom do raciocínio
Pra ele se conduzi

Ninguém vem contrariá
A mim, o Chico Braúna
Não precisa Deus mandá
Que a humanidade se una
Pois todos tem cunciença
Tem o dom da intiligença
Por defeito e gratidão
Todos tem de obedecê
Cada um tem o devê
De defendê seu irmão

Se todos observasse
A lei da santa doutrina
E um ao outro ajudasse
Cumo manda a lei divina
Num fizesse papé feio
Defendesse o que é aleio
Cum amô e cum respeito
Não precisava formado
Cum ané de adevogado
E nem juiz de dereito

Mas a farça humanidade
Continua disunida
Cheia de perversidade
Dois irmãos tirando a vida
Fulano xinga bertrano
Bertrano bate em sicrano
E de suja conciença
Vão impregando no crime
O que tem de mais subrime
Que é a sua intiligença

Com a inveja e o goirmo
Cum a suberba e a vaidade
Vão se socando no abismo
Se afastando da verdade
… não presa o seu dom
… aquilo que é bom
Cuma manda o Criadô
Pru fora das lei divina
Não segue a santa doutrina
Que Jesus Cristo insinou

Eu sempre pensei assim:
Deus cum a sua ciença
Não permite o que é ruim
É justo por incelença
Se iziste luta e mais luta
E fruto da má conduta
A divina majestade
Nunca quis briga na terra
O assassinato e a guerra
É obra da humanidade

Quem será que não cunhece
Quando sunda e pensa um pouco
Que o nosso mundo parece
Um azio cheio de louco?
Por causa dessa loucura
Só lá nas vida futura
As arma do Paraíso
Tão sujeita a jugamento
Não se sarva dez por cento
Vai sê grande o prejuízo

Este mundo está perdido
E o povo perdeu a fé
É muié contra marido
Marido contra muié
Tá tudo materiá
Ninguém pode potrestá
Esta certeza que digo
Do campo inté a cidade
Os amigo de verdade
Cum certeza tão cumigo

Eu sou Chico Braúna
Não digo palavra im vão
Fala o dotô na tribuna
E eu falo no meu sertão
O que achá ruim me perdoe
Mas o mundo sempre foi
Duro de se cuncertá
Dispois criaro o divorço
E cum a lei desse troço
Acabô de desgraçá

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A MINHA ESPERANÇA É DEUS NO CÉU...NELSON CAVAQUINHO...

Sei que amanhã, quando eu morrer, os meus amigos vão dizer, que eu tinha um bom coração. Alguns até hão de chorar e querer me homenagear fazendo de ouro um violão. Mas depois que o tempo passar, sei que ninguém vai se lembrar que eu fui embora. Por isso é que eu penso assim, se alguém quiser fazer por mim que faça agora. Me dê as flores em vida, o carinho, a mão amiga, para aliviar meus ais. Depois que eu me chamar saudade, não preciso de vaidade. Quero preces e nada mais! (Quando Eu Me Chamar Saudade – Nelson Cavaquinho)

Para a nossa sorte, ele estava enganado. Vinte e cinco anos depois da sua morte, Nelson Antônio da Silva continua mais vivo do que nunca – não só na memória do povo, mas em novos registros em livro e disco. O autor de “Folhas secas” e “A Flor e o Espinho” – entre outras 400 canções – é retratado no livro “Nelson Cavaquinho – Violão Carioca, do jornalista, pesquisador e músico Afonso Machado, além do CD “Nelson Cavaquinho”, do grupo Galo Preto, que traz releituras instrumentais das grandes obras de Nelson. Tudo isso, com direito a noite de lançamento cercada de amigos, parentes e, claro, muito samba, marcada para quinta-feira (dia 27), às 19h, no Museu da República.

A data não é por acaso – no dia 28 de outubro ele completaria 100 anos se estivesse vivo. A trajetória do ícone personifica a essência do samba e do choro. Seu filho caçula, Nelson Luiz da Silva, conta que o pai gostava de compor até na hora do banho.

“De onde estivesse, saía, anotava a letra em papel de pão e procurava entregar para quem prometesse gravar. Só que ele acabou perdendo muitas músicas assim. Aí, de forma irônica, dizia ‘Essa já foi’”, lembra.

Histórias da intimidade de Nelson prometem animar a noite. Uma das mais conhecidas aconteceu na época em que ele era soldado da Polícia Militar. O compositor “estacionou” seu cavalo próximo ao Buraco Quente, no pé do Morro da Mangueira, e por lá ficou durante horas. O bicho não gostou muito e voltou sozinho para o quartel, deixando Nelson à pé.

Beija-Flor

MPB4

Vai beija-flor
Deixa a roseira
Faz me lembrar
O meu amor
Hoje sou triste
Sinto saudade
Volta para mim
Felicidade

Pobre de quem
Desiste da vida
Não quero ser
Um suicida
A dor me abraça
Ah, tão cruel
Minha esperança é Deus no céu