terça-feira, 26 de outubro de 2010

QUEM É O CHEFE?

O Chefe

Depois da criacáo do homem, todos os órgãos do corpo recém-criado queriam ser o chefe. O cérebro dizia com a arrogância própria dos cérebros: “eu penso por todos vocês. Eu controlo tudo por meio das ações dos meus neurônios. Então, se alguém aqui tem que ser chefe, esse alguém sou eu.”

“Nós é que devemos assumir a chefia, pois somos nós que transportamos todo o corpo aos mais diversos lugares. Ainda que o cérebro queira ir a algum lugar, se nós não quisermos levá-lo então o corpo não vai a lugar algum” falaram as pernas em coro recusando o falacioso argumento da cinzenta massa.

E as mãos: “Isso é pura bobagem. Nós executamos todo o trabalho e é com ele que ganhamos dinheiro para o corpo sobreviver. É com esse dinheiro que todo o resto do corpo se mantém. Nós vamos ser o chefe.”

“Onde não há sangue não há vida. Quem manda o sangue a todas as partes do corpo sou eu. Portanto, eu devo ser o escolhido”. Foi o que o coração falou tentando deixar de lado toda a emoção do momento.

A certa altura, ninguém entendia mais o que os outros falavam, pois todos falavam ao mesmo tempo, até a própria boca. Os pulmões ficaram arquejantes. Os olhos, irritados. O fígado e os rins reclamavam e, até mesmo, os intestinos se manifestaram provocando um grande mal-estar.

De repente, fez-se um inexplicável silêncio e ouviu-se uma voz muito grave e solene:

- Quem vai ser o chefe sou eu.

Quem falava isso era o Olho do Cu.

E todos deram uma sonora gargalhada. Afinal de contas, ele nunca havia sido levado a sério. Nunca nada fizera por merecer qualquer atenção, a não ser alguns ruídos ininteligíveis e fedorentos. E merda, muita merda. Mas o Olho do Cu insistiu:

- Quem vai ser o chefe sou eu. Querem ver?

E mais não disse. Nem fez. Fechou-se em si mesmo, ou em copas como dizem alguns, numa imagem bem apropriada. Enfim, deixou de funcionar.

Em poucos dias, o cérebro não mais conseguia raciocinar direito. Não pensava mais quase nada e o controle, de que ele tanto se orgulhava, quase sucumbiu. Os olhos ficaram embaçados. As pernas não mais se punham em pé e as mãos pendiam flácidas sob braços enfraquecidos. As batidas do coração ficaram imperceptíveis de tão débeis. Os pulmões estavam nas últimas. Todos sobreviviam com dificuldade. O corpo estava à beira da falência total: a morte.

Sem alternativa, todos os órgãos concordaram em reunir-se ao final do expediente e elegeram o Cu como chefe.

A partir daí, as coisas começaram a se normalizar. Cada uma das partes do corpo fazia o seu trabalho enquanto o Olho do Cu a tudo observava, organizava e dirigia. Mas, principalmente, fazia o que dele se esperava: merda e muita merda como convém a qualquer chefe digno dessa função.

Moral da Historia

Não é necessário ter cérebro para ser Chefe basta ter Cu.

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