sexta-feira, 8 de outubro de 2010

DO ATHENEU DE PROFESSOR CELESTINO PIMENTEL, MEU AVÔ.


quando eu passava na banda...Laélio Ferreira.

Meados da década de cinqüenta. Tempo em que o Atheneu era Atheneu. Fui aluno de Câmara Cascudo, Esmeraldo Siqueira, Luiz Maranhão, José Saturnino, Ivone Barbalho, Antônio Pinto de Medeiros e muitas sumidades mais. Inventei ser fundador e orador do Centro Estudantil “Celestino Pimentel” - coisa de Hélio Vasconcelos, Jardelino Lucena e, entre outros, Claudius Fulvius dos Antoninus Pio da Câmara Cavalcanti de Albuquerque (ufa!), filho, “entendeu você”, do desembargador Floriano Cavalcanti.
Também tirava outra onda: ora como primeiro, ora como segundo tarol da Banda. Não a via passar, passava com ela, ancho da vida, marchando avenida afora, feliz da vida.

Não a chamávamos de “marcial”. Intitulava-se assim, airosamente (eles por lá!), a do Colégio Marista, odiada rival. A patota dos irmãos, no dia sete de setembro, desfilava cheia de alamares, espadas, fardas impecáveis, dragonas e estrelas mil - militarizada demais para o nosso gosto. Na pendenga anual entrava, também, um ano ou outro, a da turma da Escola Industrial – antes Liceu de Artes e Ofícios, hoje CEFET.

Nosso Diretor, Professor Celestino Pimentel, sisudo, grave, falando pouco, por debaixo do pano, de julho até o desfile do Sete de Setembro mandava dar nota oito em todas as matérias a quem fosse escolhido para a fanfarra, nem que fosse mesmo para exercer a função de “cambiteiro”, ou seja – explico bem direitinho - um aprendiz, um garachué que, saindo de forma lá pela rabeira, apanhava e substituía as baquetas que caíssem no chão. Para esse “posto”, considerado até como subalterno pelos mais antigos, nós, os “donos da bola”, havia uma concorrência das maiores: a macacada mais miúda ficava indócil. Passar o dia todo marchando, sem estudar um tico, “se mostrando” para as meninas do Feminino, na Jundiaí e, de propósito, passando, na hora da saída, em frente ao Colégio da Conceição era bom demais!

Só não podíamos – nesse aspeto Celestino era severíssimo – pender para os lados do Marista, senão o pau comia com os “meninos da matinha”, viciados no mel das abelhas dos religiosos (que dizíamos pedófilos). De sacanagem, arriscando, numa provocação ao “inimigo”, chegávamos perto, fazendo “alto” no final da avenida Deodoro, quebrando baquetas, tocando com força.

No dia Sete, farda engomada, instrumentos polidos, às escondidas, no oitão da Livraria Atheneu, a cana corria frouxa, com “parede” de “Kitut” (carne enlatada). Um vizinho da rua Felipe Camarão, sujeito carola, da Congregação dos Marianos, safado que só ele, estando eu presente, comentou com meu pai, certa feita:

- “Seu” Othoniel, o senhor ainda não notou que a banda do Professor Celestino quando entra na Deodoro, no dia sete, empesta a avenida com um bafo de cana danado?” O sacana quase me compromete…

Daquela era, muita gente já foi tocar no Azul, do outro lado… Mas lembro de dois “cambiteiros” do meu tempo – e a quem dei uma colher de chá para o ingresso na banda -, cada um deles, hoje, no seu galho, no seu destino, com a suas patotas (diferentes das minhas!) : um, o escritor e poeta Nei Leandro de Castro; outro, o rico e empolado engenheiro, ex-ministro e senador do PTB, Fernando Bezerra.

É o registro e dele dou muita fé!

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