quinta-feira, 7 de outubro de 2010

CANTORIA...

Joaquim Vitorino

Tenho enorme inteligência
Poeta não me dá vaia
Sou vento rumorejando
Nos coqueiros de uma praia
Sou mesmo, que Rui Barbosa
Na conferência de Haia.

* * *

Lourival Bandeira

Cavalo fica pra sela
Batente para janela
Fogão ficou pra panela
Cangaceiro pro sertão
Cadeira ficou pra réu
Cabeça pra chapéu,
Noiva ficou para o véu.
E eu pra cantar quadrão.

* * *

Pinto do Monteiro

Quando eu canto galope em uma sala
desce o céu, sobe a terra, seca o mar,
pára a brisa, muda o vento, finda o ar
cego vê, mudo fala e o mundo cala
gela o sol, queima a lua, o eixo estala
tempestade transforma-se em sereno
cascavel perde a base e o veneno
a mentira se vira na verdade
vira-lata da sua qualidade
não acua tatu no meu terreno.

* * *

Chico de Assis

Quem nasceu com pouca sorte
Com nada se acostuma
Uns têm castelos de areia
Outros castelos de espuma
As dádivas já são contadas
Feliz de quem ganha uma

Otacílio Batista

A praia é uma virgem deitada na areia,
De olhos abertos, contemplando a Lua.
Enquanto, nas águas, a barca flutua,
Lá no firmamento, Diana passeia…
O Sol, com ciúme, a praia incendeia,
Com raiva da Lua que não quis casar:
A Lua queixosa começa a chorar…
Na cama do céu, coitada, desmaia!
Derramando prantos de prata na praia;
Que cousa bonita na beira do mar!


* * *

Dimas Batista

Eu cantando Galope ninguém me humilha,
Tudo que existe no mar eu aproveito,
Na ilha, no cabo, península, estreito,
Estreito, península, no cabo, na ilha,
Em navio, em proa, em bússola e milha!
Medindo a distância para viajar,
Não quero, da rota, jamais me afastar,
Porque me afastando o destino sai torto;
Confio em Deus avistar o meu porto,
Cantando Galope na beira do mar!

* * *

João Paraibano

Ao passar em Afogados
Diga a minha esposa bela
Que eu derramei duas lágrimas
Sentindo saudade dela
Tive sede, bebi uma
E a outra, eu guardei pra ela

* * *

Siqueira de Amorim

Aguardente geribita
Feita da cana caiana
Eu bebo desde o começo
Até o fim da semana
O cantador só é forte
Quando canta e bebe cana!

Um pouquinho de aguardente
A muita gente conforta
Faz esquecer a tristeza
Revive a esperança morta
Até as mulheres bebem
Também por detrás da porta!

Quando eu pego na viola
Disposto a cantar repente
Digo ao dono do pagode
— Traga um pouco de aguardente
Bebo pra matar o frio
E bebo pra ficar quente!

Hoje bebe todo mundo
Deputado e senador
Bebe o soldado, o sargento
O juiz, o promotor
Como é que pode deixar
De beber o cantador?

* * *

José Melquíades cantando com Assis Rosendo

José Melquíades

– Eu namorei uma moça
que era muito engraçadinha,
Eu da porta da cozinha
gritava: - filha me ouça!
Mas eu só beijava à força.
Quando ela percebia,
Numa porta ela fugia,
pela outra eu entrava.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.

Assis Rosendo

– Arranjei um casamento
com uma moça já idosa,
Que não gostava de prosa,
mas tinha consentimento,
Aí, naquele momento
sempre ela me dizia
Que a mim não me queria
e nem também me amava.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.

José Melquíades

– Eu fui dar com Gabriela
um passeio de avião,
No campo de aviação
foi peleja minha e dela,
Para entrar eu e ela
o avião não cabia,
Eu ficava e não subia,
depois ela embarcava.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.

Assis Rosendo

– Arranjei um casamento
com uma bela menina,
Na cidade de Campina
ela fez um juramento
Porém naquele momento
todo mundo já dizia
Que ela não me queria,
pois a outro ela amava.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.

José Melquíades

– Namorei Aparecida,
mas mãe não gostava dela,
Eu só namorava ela
na casa da Margarida,
Minha mãe, muito sabida,
ia lá pra ver se via,
Por uma porta eu saia,
por outra mamãe entrava.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.

Assis Rosendo

– Namorei uma menina,
filha de um pai valente,
O seu nome era Vicente
e morava em Petrolina,
Porém em Araripina
ela chegou certo dia,
Quando a mãe dela sabia,
o amor ela negava.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.

José Melquíades

– Viajei num trem de feira
com minha noiva Raimunda,
Quando eu ia de segunda
ela ia de primeira,
Eu pulava pra terceira,
pra segunda ela corria,
Quando eu pra primeira ia,
pra segunda ela voltava.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.
Quando eu ia ela voltava,
quando eu voltava ela ia.

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