GOGÓ DE SOLA, O TERROR DO SERTÃO - Miguezim de Princesa
Apareceu em Princesa
Um sujeito bem gabola
Cujo lema é definido:
Ou rico ou pedindo esmola!
De tão feito e tão metido
Recebeu o apelido
Wilson Gogó de Sola.
Princesa é uma cidade
Da minha Paraíba antiga.
Fez guerra de Independência
Por não ter medo de briga
E nem rejeitar arenga.
Lá o homem mais molenga
Come preá com urtiga.
Porém, com Gogó de Sola
Não existe valentão:
Já brigou com o delegado,
Insultou o capitão,
Quis bater no promotor,
Pegou o vereador,
Bateu com ele no chão.
Roubou a caixa das almas,
Fechou a Rua do Canção;
Deixou Dada de Luizim
Com a cueca na mão;
A moça de Cachoeira
Se acordou com a bagaceira
Gogó lhe passando a mão.
Com Bosco de Antoim Cochim
Apostou quem bebia mais:
Tomou 10 litros de cana
Na porta de Mané Braz,
Inda cuspiu na janela,
Tirou gosto com a chinela
Da irmã de Maria da Paz.
Na porta do cabaré
Desafiou virgindade.
Lurdes Branca virou freira
Na igreja da cidade.
“Viva Maria Bate-Birro!”,
Disse, soltando um espirro
No caixão da caridade.
Se agarrou com Maria Doida
Que de gozar passou mal;
Deu um susto em Pecador
No escola do Mobral;
Chamou Gonzaga Cacimba
Pra um duelo de bimba,
De peixeira e de punhal.
Quando Tiago Pereira
Cortou o seu vencimento,
Ele foi pra Prefeitura
Escanchado num jumento
E o prefeito com medo
Fechou as portas mais cedo
E deu-lhe adiantamento.
No cabaré de Seo Terto
Pintaram uma mulher pelada
Com bonita cabeleira
E a feição enfezada.
O promotor não gostou,
A cabeleira raspou,
Deixou com frio a coitada.
Gogó soube da história
Na loja de Zé Pitada,
Correu atrás do Doutor
Uma carreira tão danada,
No Jericó já cansado,
O doutor já tinha chegado
Pra lá de Serra Talhada.
Wilson Gogó de Sola
É a reencarnação
De Virgulino Ferreira,
O famoso Lampião,
Dez vezes foi baleado.
Por onde passa é chamado
De “O Terror do Sertão”.
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