sábado, 30 de agosto de 2014

SOBRE OS RIOS DE CADA UM...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL

SOBRE O HOMEM E OS SEUS RIOS - BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.

 BERNARDO CELESTINO PIMENTEL (*)

TODO HOMEM TEM UMA TERRA, UM AMOR E UM RIO. 
EU TENHO TRÊS RIOS, ONDE JÁ DEPOSITEI A MINHA ANGÚSTIA E A MINHA ESPERANÇA. 
          QUANDO CRIANÇA, PESCAVA PIABA NO CURIMATAÚ, COM UMA GARRAFA DE VINHO SECA, COM O FUNDO CÔNCAVO. 

          NESSA ÉPOCA, AINDA NÃO CONHECIA A MALDADE.                DEPOIS, VIM PRO RIO JACÚ, EM SANTO ANTÔNIO, ONDE DURANTE DEZ ANOS, DEPOSITEI A MINHA EUFORIA E VIVACIDADE DE MÉDICO RECÉM SAÍDO DE UMA RESIDÊNCIA DE CIRURGIA.
           CONHECI A ONÇA E O PREÁ. E A ONÇA SALTAVA E MORDIA. 
               ATAVICAMENTE , TRAGO DENTRO DE MIM O RIO POTENGÍ, QUE MINHA MÃE AMAVA, E ERA TÃO CANTADO POR DEOLINDO LIMA, NA CANÇÃO PRAIEIRA, DE OTONIEL MENEZES. 
          E FOSSE UM ESCAFANDRISTA, E PUDESSE MERGULHAR NA IMENSIDÃO DO POTENGÍ, ENCONTRARIA OS SONHOS DE ARSÊNIO CELESTINO PIMENTEL, O MEU BISAVÔ, O PORTUGUÊS, QUE GANHOU DO GOVERNADOR, A SUA MARGEM ESQUERDA, E LÁ  ENSINAVA PIANO E CONSULTAVA. 
          ENCONTRARIA OS ALFARRÁBIOS DE MEU AVÔ , CELESTINO PIMENTEL COM AS SUAS CONFIDÊNCIAS, OS SEUS SONHOS, PEDAÇOS DO ATHENEU, E OUTROS SEUS AMORES. 
               ENCONTRARIA POEMAS DE MINHA AVÓ, ANA LIMA, QUE TERMINARAM NO FUNDO DO RIO, DEPOIS DA SUA CURTA EXISTÊNCIA, BEIJANDO VERBENAS.
                A OBRA MAIS BONITA DE NATAL É A PONTE NEWTON NAVARRO. PORÉM QUEM DÁ A SUA BELEZA , É AQUELE ABRAÇO QUE O RIO POTENGÍ DÁ NO MAR,
 ENTREGANDO A SUA DOÇURA, A AMARGURA SALGADA DO MAR...
                COMO UM HOMEM TAMBÉM SE ENTREGA AO SEU DESTINO, ESQUECENDO ANTIGOS SONHOS, MATANDO AMORES, E PASSANDO A SER UMA MISTURA DE ÁGUAS, DE SONHOS, ESPERANÇAS E FRUSTAÇÔES. 
               UM HOMEM SE PARECE COM UM RIO, SEGUINDO A SUA DESTINAÇÃO, PREDESTINADA.                ÀS VEZES ATRAVESSO A PONTE DE TODOS, PARA SAIR UM POUCO DE MIM, E NATAL DE LONGE... 
               QUANDO VOLTO DA REDINHA, AVISTO DO MEIO DA PONTE UM POEMA DE NAVARRO, QUE É A BELEZA DA PRÓPRIA CIDADE. 
               ENXERGO NAS SUAS ÁGUAS OS POETAS, QUE COMO NEWTON NAVARRO, FAZIAM DA RIBEIRA A SUA ARCÁDIA, E TODAS AS LÁGRIMAS E SONHOS ERAM DEPOSITADAS, NO RIO POTENGÍ,NAS MADRUGADAS ONDE MORRIAM AS PAIXÕES SEM AMANHÃ.
                O RIO CARREGAVA PARA O MAR TODOS OS SONHOS,TODAS AS JURAS, TODOS OS BEIJOS, DESPEJADOS NA RIBEIRA DE ANTIGAMENTE. 
               ME SENTÍ NA OBRIGAÇÃO DE CANTAR O POTENGÍ, O RIO DE CÃMARA CASCUDO,O RIO DESTA CIDADE,QUE A VEJO DELICIOSA COMO UM PÃO DE LÓ...E AÍ FUI NOSTÁLGICO, REVÍ ANTIGAS MESAS FARTAS.
                É FELIZ O HOMEM QUE CANTA A SUA CIDADE E O SEU RIO. ..
               QUE DEPOSITA NAS SUAS ÁGUAS AS SUAS MÁGOAS E SONHOS, E AO CHEGAR NA SUA FOZ, TROCA TODAS AS SUAS ANGÚSTIAS PELA ESPERANÇA, IMORTALIZANDO - A! 
E VENDO O MAR COMO EU VEJO: 
               A TOALHA AZUL QUE FORRA O ALTAR DE DEUS, CUJOS OLHOS ESTÃO EM TODOS OS LUGARES, CONTEMPLANDO O BEM E O MAL.

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