RANCHINHO DE PALHA
POR CARLOS AIRES
Felicidade não mora
Somente numa mansão
E vou lhes mostrar agora
Nessa minha descrição
Que quem habita um ranchinho
De palha, bem pobrezinho,
Bem distante da cidade
O ambiente condiz
Pra que assim viva feliz
Sem tanta comodidade.
Eu por exemplo resido
Numa palhoça pequena
Em meio ao mato, e duvido,
Que alguém goze a vida plena
Igual a que eu vivo aqui
Escutando o bem-te-vi
Improvisar seu trinado
E eu sentado no terreiro
Inalando o doce cheiro
Das lindas flores do prado.
Numa palhoça pequena
Em meio ao mato, e duvido,
Que alguém goze a vida plena
Igual a que eu vivo aqui
Escutando o bem-te-vi
Improvisar seu trinado
E eu sentado no terreiro
Inalando o doce cheiro
Das lindas flores do prado.
Caso afirme que sou pobre
Eu prontamente lhe explico
Não possuo ouro nem cobre
Mas de sossego sou rico,
De dinheiro fico aquém,
Porém bem sei que não tem
Um viver calmo e tranquilo
Como o meu, longe das farras,
Ouvindo o som das cigarras
E o cricrilar dos grilos.
Eu prontamente lhe explico
Não possuo ouro nem cobre
Mas de sossego sou rico,
De dinheiro fico aquém,
Porém bem sei que não tem
Um viver calmo e tranquilo
Como o meu, longe das farras,
Ouvindo o som das cigarras
E o cricrilar dos grilos.
Reconheço, a urbe tem,
Seus mistérios, seus encantos,
Mas quem da brenha provém
Não se dá bem nesses cantos
Seria grande os suplícios
De viver entre edifícios,
Buzinas, sons e apitos,
Algazarras, alaridos,
Meus campesinos ouvidos
Não suportam tais agitos.
Seus mistérios, seus encantos,
Mas quem da brenha provém
Não se dá bem nesses cantos
Seria grande os suplícios
De viver entre edifícios,
Buzinas, sons e apitos,
Algazarras, alaridos,
Meus campesinos ouvidos
Não suportam tais agitos.
Adoro a tranquilidade
Do meu lugar tão ameno
Essa tal modernidade
Pra mim é quase um veneno
A claridade da rua
Não se compara a da lua
Numa noite de verão
Quando aponta atrás da serra
Prateando a minha terra
Com o seu magistral clarão.
Do meu lugar tão ameno
Essa tal modernidade
Pra mim é quase um veneno
A claridade da rua
Não se compara a da lua
Numa noite de verão
Quando aponta atrás da serra
Prateando a minha terra
Com o seu magistral clarão.
Aqui armo a minha rede
Na sombra da quixabeira
E para matar a sede
Bebo água da biqueira
Degusto a doce mangaba
A saborosa goiaba
O delicioso umbu,
Meu apetite se assanha
Quando provo da castanha
Ou um bom suco de caju.
Na sombra da quixabeira
E para matar a sede
Bebo água da biqueira
Degusto a doce mangaba
A saborosa goiaba
O delicioso umbu,
Meu apetite se assanha
Quando provo da castanha
Ou um bom suco de caju.
Nessa vida prazenteira
Vivo sem passar sufoco
E acho que é pura asneira
Alguém me chamar de broco
Porque me falta instrução
Sem estudo ou formação
Vivendo isoladamente
No silêncio, sem barulho.
Pois saiba que sinto orgulho
De ser assim diferente.
Vivo sem passar sufoco
E acho que é pura asneira
Alguém me chamar de broco
Porque me falta instrução
Sem estudo ou formação
Vivendo isoladamente
No silêncio, sem barulho.
Pois saiba que sinto orgulho
De ser assim diferente.
Aqui a honestidade
Impera em qualquer sentido
Também a simplicidade
Tem seu lugar garantido
O mar de encantos me afoga,
Longe do trafico, da droga,
Ou de qualquer outra tralha
Que incomoda o cidadão.
Sou bem feliz no sertão
Em meu ranchinho de palha.
Impera em qualquer sentido
Também a simplicidade
Tem seu lugar garantido
O mar de encantos me afoga,
Longe do trafico, da droga,
Ou de qualquer outra tralha
Que incomoda o cidadão.
Sou bem feliz no sertão
Em meu ranchinho de palha.
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