domingo, 10 de agosto de 2014

A SANTÍSSIMA TRINDADE : O AVÔ, O PAI, O NETO


SOBRE A FEBRE E O TEMPO...ALDIR BLANC.


“Na primeira febre a minha febre e quem é quem pedindo proteção?
Ponho a mão na testa do meu neto e é meu avô que está estendendo a mão.
Nessa comunhão dos três, eu sou avô do meu avô,
ele é o menino ali e ri das confusões que o Grande Amor pode fazer:
é um milagre essa multiplicação de mãos e febres por buscar ternura
e então com medo de morrer a Fragilíssima Trindade jura:
ficaremos sempre assim por perto
e quando meu neto tiver neto
uma febre unindo o que passou dirá pro Tempo: oi, meu avô…
É por aí: um piano em Debussy, o morcego e o sapoti na Praia dos Coqueiros…
o avô sou eu numa bicicleta: de canelas finas, mexe com as meninas…
Explode a trovoada, a chuva canta e a enxurrada leva todos nós,
fracionados sim, mas fusionados rumo ao delta, à queda, ao fim, à foz.
E uma vez que voltaremos
numa febre que menino-avô terei
até o Filósofo sorri: – “É o mesmo rio. Eu me enganei.”










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