domingo, 1 de dezembro de 2013

A POESIA DE HUMBERTO DE CAMPOS...

O IRAPURU – Humberto de Campos



Dizem que o irapuru, quando desata
A voz – Orfeu do seringal tranqüilo -
O passaredo, rápido, a segui-lo,
Em derredor agrupa-se na mata.
Quando o canto, veloz, muda em cascata,
Tudo se queda, comovido, a ouvi-lo:
O canoro sabiá susta a sonata,
O canário sutil cessa o pipilo.
Eu próprio sei quanto esse canto é suave;
O que, porém, me faz cismar bem fundo
Não é, por si, o alto poder dessa ave:
O que mais no fenômeno me espanta,
É ainda existir um pássaro no mundo
Que se fique a escutar quando outro canta!

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