Bernardo, compartilho com a sua alma de poeta este episódio que realmente ocorreu e que eu nunca esquecerei.Um ótimo verão para você e sua família.
O BÊBADO NA MANHÃ. Primeira noite de verão – dezembro- 2013.
Por Yvelise Castro .
Por Yvelise Castro .
Era uma manhã de fevereiro ...
Gargalhadas em meio a um culto religioso. Carnaval em velório. Assim parecia a alguns a poesia que vinha de algum canto da velha rodoviária ,tal era a expressão de desagrado que ostentavam . E os versos não paravam de fluir; espalhavam-se pelo ar e penetravam nas pessoas que já estava...m e nas que iam chegando. As palavras diziam de um amor perdido e da inexorabilidade da morte de amores frágeis. Soavam patéticas naquela voz bêbada que as proferiam mas eram verdadeiras e aí residia a sua força e o seu mistério.Estavam ali, o bêbado ,o amigo ,com seu ombro-amigo, e uma mulher. Ela, com um vestido decotadíssimo de veludo vermelho carmim, muito curto, encimando um par de pernas bem torneadas , equilbradas num anacrônico sapato muito alto. Uma meia preta , rendada com costura no meio completava o traje típico de mulher da vida. Eles davam a impressão de que estavam ali junto ao balcão do quiosque há muito tempo. Provavelmente a noite toda. Eram sete horas da manhã. A luz de sol não espantara as mariposas da noite . E ele continuava a declamar, sem parar, lindos versos. Seriam de sua lavra? Não importa, pois , quer seus ou de outros , vinham do fundo da alma . Ou do fundo do copo. Diziam que o seu coração pararia de bater num momento qualquer de um dia qualquer e não faria diferença, pois já morrera ferido pelo amor perdido. E a verdade de sua morte e da morte de amores dos circunstantes, provocavam reações díspares. Diziam de uma traição . E a verdade do seu amor traído e de amores traídos das pessoas , remexiam velhas feridas que pareciam cicatrizadas . O homem que vendia maçãs argentinas vociferava e dizia impropérios . Uma jovem mulher grávida e com uma criança de colo parecia não entender nada e o olhava com o medo que os bêbados provocam naqueles que não distinguem os bêbados de paz, dos outros. A velha senhora não aceitava a presença dos três àquela hora e fazia questão de demonstrar com resmungos , caras e bocas. Dois soldados observavam , procurando indícios de perturbação da ordem pública mas eram tolhidos pela força e verdade da poesia. Mesmo as pessoas que não o olhavam , estavam presas , ancoradas aos versos . Os ônibus iam chegando e saindo -48- 31- 37 .... Pessoas iam chegando e outras iam embora. E ele declamando sem parar entre um gole e outro. Será que estava bêbado mesmo? Não se teria esta resposta. Para uns, sim. Para outros, o homem que jorrava poesia ,transformando o sol em lua e nuvens em estrelas , fazia o que muitos gostariam de fazer . Dizia verdades e chorava suas mágoas . Era simplesmente verdadeiro.
Gargalhadas em meio a um culto religioso. Carnaval em velório. Assim parecia a alguns a poesia que vinha de algum canto da velha rodoviária ,tal era a expressão de desagrado que ostentavam . E os versos não paravam de fluir; espalhavam-se pelo ar e penetravam nas pessoas que já estava...m e nas que iam chegando. As palavras diziam de um amor perdido e da inexorabilidade da morte de amores frágeis. Soavam patéticas naquela voz bêbada que as proferiam mas eram verdadeiras e aí residia a sua força e o seu mistério.Estavam ali, o bêbado ,o amigo ,com seu ombro-amigo, e uma mulher. Ela, com um vestido decotadíssimo de veludo vermelho carmim, muito curto, encimando um par de pernas bem torneadas , equilbradas num anacrônico sapato muito alto. Uma meia preta , rendada com costura no meio completava o traje típico de mulher da vida. Eles davam a impressão de que estavam ali junto ao balcão do quiosque há muito tempo. Provavelmente a noite toda. Eram sete horas da manhã. A luz de sol não espantara as mariposas da noite . E ele continuava a declamar, sem parar, lindos versos. Seriam de sua lavra? Não importa, pois , quer seus ou de outros , vinham do fundo da alma . Ou do fundo do copo. Diziam que o seu coração pararia de bater num momento qualquer de um dia qualquer e não faria diferença, pois já morrera ferido pelo amor perdido. E a verdade de sua morte e da morte de amores dos circunstantes, provocavam reações díspares. Diziam de uma traição . E a verdade do seu amor traído e de amores traídos das pessoas , remexiam velhas feridas que pareciam cicatrizadas . O homem que vendia maçãs argentinas vociferava e dizia impropérios . Uma jovem mulher grávida e com uma criança de colo parecia não entender nada e o olhava com o medo que os bêbados provocam naqueles que não distinguem os bêbados de paz, dos outros. A velha senhora não aceitava a presença dos três àquela hora e fazia questão de demonstrar com resmungos , caras e bocas. Dois soldados observavam , procurando indícios de perturbação da ordem pública mas eram tolhidos pela força e verdade da poesia. Mesmo as pessoas que não o olhavam , estavam presas , ancoradas aos versos . Os ônibus iam chegando e saindo -48- 31- 37 .... Pessoas iam chegando e outras iam embora. E ele declamando sem parar entre um gole e outro. Será que estava bêbado mesmo? Não se teria esta resposta. Para uns, sim. Para outros, o homem que jorrava poesia ,transformando o sol em lua e nuvens em estrelas , fazia o que muitos gostariam de fazer . Dizia verdades e chorava suas mágoas . Era simplesmente verdadeiro.
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