domingo, 22 de dezembro de 2013

RELEMBRANDO DR. PEDRO SIMÕES...

RELEITURAS E LEMBRANÇAS

Ciro José Tavares

“No fio da navalha: entre a vida e a morte – Gostaria de receber do meu Deus a graça de não morrer enquanto não concluir minhas memórias. Sei que não disponho de tanta indulgência que pudesse...
ter franqueado tal pedido, tantas vidas já vivi. Que nem um gato, escapei inúmeras vezes da morte biológica: naufrágio, fratura na cabeça em mergulho sobre uma pedra, ameaças e tentativas de morte, uma vesícula friável, dois infartos, o implante de duas pontes no coração, algumas angioplastias... sem contar com dezenas de morte por amor...
Um amigo me disse, certa vez, que o meu anjo da guarda bem merecia aposentadoria com direito a bônus de periculosidade. Também já morri, espiritualmente, algumas vezes. Morre-se cada vez que se é atingido por golpes certeiros, impiedosos, naquilo que se tem de mais caro e mais sensível aos reveses: os sentimentos, a honra, a terrível dor de consciência. Quantas vezes não morri alvejado por uma traição de um amor desfeito, uma sentença injusta, uma calúnia, uma injúria, uma difamação, ou quando vomitei, movido pelo ódio, sobretudo, palavras impensadas que resultaram, quase sempre, em lágrimas dos vitimados.”
Este texto é do meu inesquecível e grande amigo Pedro Simões Neto no seu antológico Quando tudo Era Azul, sua viagem proustiana capturando admiravelmente seu tempo perdido. O livro de Pedro está tão próximo que estiro o braço e logo o tenho nas minhas mãos. Prefiro sua releitura ao invés de deter-me nos escritos insossos que nada me dizem ou acrescentam. O telúrico Azul de Pedro é um dos meus programas neste final de ano que vem chegando. Ao lado dele a Biographia Literária de Coleridge e poemas de amigos que farei desfilar nestas páginas.


 

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