De repente, a primavera, nos seus últimos suspiros,posto que acaba hoje as 14,20h,deixando em seu lugar o verão,me joga uma rosa vermelha, onde dentro da sua corola existe um bilhete...a letra é de Deus, é em alto relevo, este dado pela luz do espírito paráclito...a mim é anunciado:havemos neto...
o verbo se fez carne e já habita entre nós, e em 2014,o filho terá um filho, e você, Dr Bernardo será avô...abraço o anjo portador da alvíssara,beijo a rosa, tinjo de carmim os lábios e o espírito, e repito Isabel á Maria: a minha alma se enche de alegria...
Minha alma se ajoelha, diante de tão Benvinda notícia...e de repente eu sou o avô do meu avô,acariciando uma cabeça...palpo bochechas revestidas de cetim e veludo...sentindo a febre do seu rosto...
de repente eu sou o pai do meu pai...embebido das mesmas emoções, neste milagre, nesta comunhão, que só a vida é capaz de legar ao justo...
Fecho os olhos e vejo o riso da minha criança se transfigurar no rosto do que vai nascer...somos três crianças: eu e meu filho e o rebento...nos contentando com a alegria da vida...alegria essencialmente pura, vital, eterna, profética e iluminadora...que não se vende nem se compra, posto que é uma benção....
Nesta hora, passamos a distinguir o que é dos homens e o que é de Deus...
crescem os valores oriundos do céu, e a gente deixa tudo que só é da terra: levitamos...
Chego para a mulher e lhe dou a boa nova...lhe falo do presente da primavera para o meu jardim...o efeito é de uma enchente inundando um verão...ela solfeja acordes trancados na alma de luto...se acende como um círio numa catedral em ruínas...Daqui a pouco ela volta a cantar e escuto a sua alma dizendo:um filho faz outro filho e no fim não se perde nada...vejo seu coração se repartir em postas, como se fosse um peixe, que se somará ao pão e ao vinho...é a liturgia do milagre....intrínseca, incognoscível,impar,superior, celeste...Benvinda...
De repente relembro as cantigas de ninar cantadas por minha mãe, para mim...
vejo o boi da cara preta, brinco de roda,quero correr descalço neste vão subterrâneo de dentro de mim...rebobino o videotape da minha vida....eu agora sou minha avó, me dando um purgante de sena...sinto Celestino Pimentel, o meu avô, massageando as minhas orelhas, aspiro o seu cheiro de torrado...subo nos pés do meu pai, que se balança na velha cadeira , me toma pelas mão e canta serra serra serrador...è o mesmo rio...eu me enganei...
De repente,eu visto calças curtas, novas, sapatos novos,e vou comprar uma cesta de alfenim, na calçada da igreja de Nossa Senhora da Conceição...compro um rói rói...tenho a certeza que vou voltar ao parque de diversão...revisitarei os carroceis, os cavalinhos...sinto mamãe atrás de mim com um vidro de mertiolate,para sarar as minhas feridas...Voltamos a ser crianças...a roda do tempo rodou...o essencial chega e expulsa o supérfluo...a vida se impõe diante da morte...o coração é uma epidemia de alegria, e todos nós ajoelhamos e beijamos a mão do menino Jesus...só Deus é suficiente...
Haja coração...aportou no meu cais um transatlantico de alvíssaras...de esperanças...
Já é Natal dentro de mim...um natal com dois meninos Jesus...um filho do homem, e o outro o filho de Deus...
Há carrilhões de sinos anunciando uma grande festa na minha família...
É a germinação do amor maior...eu continuarei...
Nenhum comentário:
Postar um comentário