HOJE RESOLVÍ ABRIR O MEU TÚMULO... quis saber o que restara de mim...olhei pra mim e me ví inerte, o resto de vida que ainda existia, pululava nos sonhos e nos desejos...
quantos sonhos e quantos desejos se enterram antes de SÊ-LOS...
O QUE MORRERA DE MIM FOI A PARTE QUE FUI...VIVA E PRESENTE, TEIMAVA O QUE NUNCA HAVIA SIDO...
O TÚMULO É A NOITE SEM FIM DO CEMITÉRIO SEM SÍNDICO...SEM VIZINHOS...TEM A FRIEZA DO CONGELADOR...UM BEM NATURAL DE TODOS...POSTO QUE NÃO É DE MÁRMORE É DE TERRA, E SE LOCALIZA, SETE PALMOS ABAIXO DA INCOMPREENSÃO...
A VIDA MESMO É VIVIDA PELA MORTE...É O LUGAR COMUM... É A RESULTANTE...É O INEXORÁVEL...UM DESTINO FATAL...INCOGNOSCÍVEL...
BOM TEMPO AQUELE QUE EU NÃO MORRIA...BOM TEMPO AQUELE QUE EU SÓ VIA A MORTE DOS OUTROS...HOJE, EU SOU PARTE DOS OUTROS...OMBRO A OMBRO , LADO A LADO...EU JÁ MORRO DA ANGÚSTIA DE SABER QUE MORRÍ...
NÃO HÁ ESPÍRITO NEM CARNE, SOMENTE EXISTE A LITURGIA, O CERIMONIAL DO FIM...O BANQUETE DOS VERMES, SOBRE MIM...
SOBRE OS MEUS PÉS , COROAS DE FLORES MURCHAS...
SOBRE A CABEÇA UM DESFILE DE ILUSÃO,IRMÃ DA LOUCURA,UM CESTO DE SONHOS E DESEJOS,CINTILANDO NOS RESTOS DE MUITOS OSSOS...
NA NOITE DA MORTE PREVALECE A SENTINELA DOS DESEJOS E SONHOS DE TODOS OS AMIGOS,QUE REPOUSAM EMBALADOS PELAS FALTAS DOS DIAS QUE NÃO CHEGARAM, DAS ESPERANÇAS QUE NÃO SE ACENDERAM...TOCHAS DE DECEPÇÕES, MÃE E FILHAS DAS DEPRESSÕES...
O TEMPO É O GRANDE SUICIDA DA VIDA...É O PAI DA MORTE...MORTE QUE É A VIDA DEFINITIVA...
A VIDA FOI MENOS DE UM SEGUNDO...
O PRAZER É FILHO DA DOR...E ESTA VONTADE DE SER A DOR, ACABOU ME MATANDO...
Nenhum comentário:
Postar um comentário