OS 46 ANOS DA MORTE DO PROFESSOR CELESTINO PIMENTEL...
O CASAMENTIO DO PROFESSOR CELESTINO PIMENTEL COM A POESTISA ANA LIMA...MEUS AVÓS MATERNOS.
PROFESSOR CELESTINO PIMENTEL - *21.06.1884 +11.12.1967
O PROFESSOR CELESTINO PIMENTEL (1884-1967), “last but not the least”, sucedeu a Alberto Roselli no ensino de Inglês no Atheneu. Em setembro de 1930, solicitei ao Governador Juvenal Lamartine nomear Celestino Diretor interino, enquanto o titular tomava parte nos trabalhos da Assembléia Legislativa. Assumi no dia 1º de outubro e, no dia 3, a Revolução acabou como meu mandato. Capistrano de Abreu afirmava ninguém perder nem salvar o Brasil. Não tive oportunidade para eleger uma das pontas do dilema. Curei-me da urticária legisferante. Os revolucionários “autênticos” mantiveram Celestino na direção do Atheneu. Com interrupções, esteve nesse posto até aposentar-se. Foi um amigo dileto, desde quando gaguejei, sob sua impecável dicção, o inglês da “Estrada Suave”. O Velho Celeste, como o apelidaram os alunos, era filho de Arsênio Celestino Pimentel, algarvio fidalgo, de quinta armoriada na Vila Nova de Portimão. Deixou Portugal por haver sido guerrilheiro na “Maria da Fonte”, contra os Cabrais. Abandonava o 4º ano de Medicina em Coimbra. Falava francês, tocava piano, atendia enfermos. Depois de larga temporada no Recife, fixara-se em 1873, no Rio Grande do Norte, num engenho de açúcar no vale do Ceará-mirim. Faleceu em 1916, alto, vermelho, barbudo, ornamental nos seus 86 anos sadios, depois de ter sido médico, professor de francês e piano (minha sogra fora sua discípula em Macaíba), e salineiro. O filho estudou vagamente em Natal, sem recursos para a diplomação solene. Funcionário do Banco do Brasil, tradutor juramentado, sempre com um curso particular da Língua Inglesa. Alberto Roselli dizia-o a melhor pronúncia na cidade. Celestino conhecia excelentemente matemática, escrituração mercantil, datilografia, quando essa especialidade era um assombro! Como o Velho Arsênio, era enxuto, cabeça longa, cor de malagueta, olhar duro de capitão de campo. Intimamente, afetuoso, compreensivo, sentimental. Foi um professor de estampa clássica, sisudo, seco, policiando as notas nos exames de inglês, álgebra, aritmética, geometria, com o Professor Manoel Garcia, presbiteriano, futuro Santo pela aclamação ecumenista. Reprovava os filhos mimados dos amigos íntimos. Exercia uma autoridade natural, quase congênita, imediata, inflexível. Nadou, várias vezes, nas águas adversas da popularidade estudantil, jamais cortejada. Por duas ocasiões, entretanto, os estudantes promoveram passeatas sonoras protestando contra seu afastamento da Diretoria. Arredio, suspicaz, sensível, nunca participou das procissões políticas, antes e depois de 1930. Nem mesmo para agradar ao Professor Luís Antônio, seu cunhado. Casara em 1906, com Ana Lima, a poetisa de Verbenas (1901). Os filhos Luis e Alberto seriam Almirantes. Lia e citava os velhos escritores da Old Britain. Com os “modernos” opunha embargos infringentes do Bom- Gosto. Bernardo Shaw não seria aprovado pela insistência notória em ser constantemente espirituoso. A paixão era Shakesperare, Tennyson, Macaulay. Creio ouvi-lo declamar “Let the least Pass”, de Sheridan, e “To a Skylark”, de Shelley, o poema favorito: - A thing wherein we feel there is some hidden want…” O “If” de Kipling. Possuía a Enciclopédia Britânica, a única existente em Natal, lagoa onde boiavam os patos da minha curiosidade. Difícil ajeitá-lo no feixe cortesão. Sangue do Velho Arsênio! dizia-me. Com ele morreu o derradeiro “Representative Man” do nosso magistério tradicional...
(Texto copiado da obra de Luís da Câmara Cascudo – “ONTEM” – 1972 – Imprensa Universitária - páginas 81, 82 e 83)
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