quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

A LITERATURA DE VIOLANTE PIMENTEL...

O PRESENTE

Seu Damião Rufino era dono de uma antiga sapataria em Natal, quando na cidade ainda não havia Shopping Center. Já com sessenta anos, continuava à frente da loja, com a esposa e os quatro filhos trabalhando com ele, além de mais três empregados. O nome da loja era “Damião Calçados”, e era uma das melhores da cidade.
Em dias de grande movimento, o dono fazia questão de também atender pessoalmente aos clientes. Com sua prática de comércio e o seu carisma, tinha facilidade de convencer a clientela a comprar. Gostava de se colocar à porta da sapataria, convidando as pessoas que passavam na calçada para verem as novidades. E com muita facilidade conseguia vender seus calçados e bolsas. PRESENTE I - CENAS DO CAMINHO
Aproximavam-se as festas de Natal e Ano Novo, e o comércio fervia de gente, comprando nas lojas e nos camelôs. Numa tarde de grande movimento, Seu Damião recebeu um cliente de ótima aparência, bem vestido e educado, acompanhado de um garoto de uns dez anos. Com a delicadeza que lhe era peculiar, o dono da sapataria atendeu ao cliente, que procurava ver sapatos de excelente marca, macios e confortáveis. Mostrou-lhe logo quatro tipos de sapatos do número solicitado, nas cores preta e marrom. O homem provou todos os pares, andando com eles dentro da loja, para sentir-lhes a maciez.
Enquanto provava os sapatos, o novo cliente solicitou a Seu Damião dois pares iguais aos que estavam expostos na vitrine, para que o garoto provasse. Seu Damião se afastou um pouco, indo buscar, em outro compartimento da loja, os dois pares de sapatos do número que o garoto calçava. O garoto provou os sapatos, tentando se decidir pelo par que calçasse melhor. Seu Damião, com a sua experiência, tentava influenciá-lo na escolha, induzindo-o a dar preferência ao mais caro, e, logicamente, ao melhor.
Nessas alturas, a loja estava lotada de clientes e Seu Damião apressava-se em concluir esse atendimento. O garoto se decidiu pelo sapato sugerido por ele. Quando se preparava para tirar a nota de compra dos calçados, o dono da sapataria olhou em volta, e não viu mais ali o suposto pai do garoto, que se encontrava, minutos antes, provando um bonito par de sapatos pretos, de fina marca. E o homem, então, perguntou:
- Menino, onde está seu pai, que estava aqui, agora mesmo, experimentando os sapatos pretos? Não estou vendo ele ..
E o garoto respondeu:
- Aquele homem não é meu pai, não! Eu estava lá naquela outra rua, ele me chamou e perguntou se eu queria ganhar um par de sapatos, de presente de Natal. Eu disse que queria, e ele me chamou pra vir aqui com ele comprar. Mas eu nunca tinha visto ele antes…
O elegante cliente havia sumido da loja, levando nos pés um par de sapatos pretos novos, de fina marca, e deixando seus sapatos usados ali jogados.
Seu Damião, indignado, entendeu que tinha sido vítima de um vigarista…

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