O FIM DA MEMÓRIA
POR LUIZ OTÁVIO CAVALCANTI...
Semana passada, reli O Fim da Memória, de Miroslav Volf. É espaço para refletir nesses tempos em que se espera acentuar a concórdia.
Fiz algumas anotações que passo pra vocês:
Para triunfar plenamente, o mal precisa não de uma, mas de duas vitórias. A primeira acontece quando um ato de maldade é perpetrado; a segunda, quando a maldade é retribuída.
A questão não é saber se deve-se lembrar o mal. Mas como lembrar ? Qual o elo entre memória e bem estar ? A memória molda a identidade. Interiormente, somos o que lembramos. Externamente, somos o que os outros lembram de nós.
Exercemos a lembrança de duas formas: uma, passiva, sem esforço intencional. Outra, ativa, selecionando o que queremos lembrar. Importante é integrar a lembrança em nossas vidas associando-as a um sentido positivo. Retirando lições delas. Retirar lições significa pensar o futuro em liberdade.
Kierkgaard, Nietzsche e Freud defendem o esquecer trabalhado, esquecer lembrando. Freud usou a fala. Nietzsche utilizou o sentido da história para servir à vida (“Os infelizes moram no passado”). Nosso senso de identidade resulta tanto do lembrar como do esquecer. E da maneira como o fazemos.
Somos nós mesmos porque ligamos nosso passado ao nosso futuro. Eu sou o que lembro ter vivido e o que quero lembrar de viver. A infelicidade triunfa quando é lembrada. Amor é o objetivo da memória.
LUIZ OTÁVIO CAVALCANTI É UM INTELECTUAL PERNANBUCANO, EX SECRETÁRIO DA FAZENDA, E AMIGO E CONTEMPORÃNEO DO DR. RICARDO LAGRECA, NO COLÉGIO NÓBREGA, NO RECIFE...RECENTEMENTE FOI HÓSPEDE DELE, EM NATAL.
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