sábado, 21 de julho de 2012

NÃO SE AFOBE NÃO, QUE NADA É PRA JÁ...


POR CARLITO LIMA.
JOANA

- Seu Libório, como vai? Está lembrado de mim?
Joana falou sorridente saindo do Shopping. Ele a olhou, reconheceu a bonita senhora, não sabia de onde, para acabar a dúvida gentilmente perguntou.
- Claro que recordo, a idade atrapalha pormenores, de onde mesmo que lhe conheço, menina?
- Obrigada pelo menina. Sou a Joana, fui empregada em sua casa pouco mais de um ano, estou morando em São Paulo. Lembra? Como vão os netos? O senhor era apegado com o mais velho, o Quico, deve estar um rapaz.
- Ora Joana, você se transformou em uma mulher bonita, vejo que o clima de São Paulo faz bem à saúde e à beleza.
- O senhor sempre gentil, não é o clima, é a oportunidade de ganhar melhor. Tenho um emprego bom, por isso me trato, vou à academia e outras artimanhas que mulheres precisam.
Nessa altura, os dois chegaram ao estacionamento, Libório, acercou-se do carro, perguntou o destino de Joana. Ela pegava um ônibus para o Tabuleiro, estava na casa da irmã. Libório gentil, e certamente com outras intenções, ofereceu-se para levá-la. Joana recusou, era longe, não precisava incomodar. O ex- patrão insistiu, estava à toa na vida, sem ter o que fazer, aposentou-se há pouco tempo, tornou-se um vagabundo das tardes.
Ela colocou os embrulhos no banco traseiro, sentou-se à vontade, a saia curta mostrava, ainda era uma mulher desejável, o tempo não foi tão cruel com Joana. Libório deu a partida, o carro rolava maciamente no asfalto, olhou de banda, gostou do que viu. Joana foi a primeira a retornar conversa.
- E Dona Celina, como vai? Ainda gosta de jogar cartas com as amigas toda tarde? 
- Não perdeu a mania, tem a compulsão pelo jogo, ainda bem que o bingo foi proibido. Esse vício nos deu muito problemas.
- Para compensar seu vício. Desculpe a franqueza, o senhor ainda gosta de garotas? Lembro uma vez que chegou em casa de noite com a cueca suja de batom, que maldade de suas amigas. Dona Celina fez escândalo.
- Ainda tenho esse vício, entretanto, nunca deixei meus deveres matrimoniais. Os filhos cresceram, se formaram, hoje vivo para os netos. O Quico tem 15 anos, a Adriana 13, e o Dudu 8 aninhos. Sou um avô babaca, esse é o melhor termo, faço tudo que eles pedem. E você? Conte sua vida, quero saber o que fez em São Paulo para se tornar uma mulher tão bonita, você era uma jovem atraente, eu lhe desejei muito, mas, tinha receio de confusão em casa. Estou fascinado, a mulher de hoje é mais bonita do que a jovem de ontem.
- Eu notava seus olhares Seu Libório, eu também tinha atração pelo senhor, naquela época me achava apaixonada. Mas, posso lhe dizer, o senhor está um sessentão bonito, aliás, já tem 60 anos?
- Tenho minha querida! Joana, somos dois adultos, não precisamos muito de conversa jogada fora, vou lhe fazer uma proposta. Há muitos anos nos conhecemos, somos amigos, descobrimos que nos desejamos, por isso pergunto: Vamos passar a tarde num motel, fazer tudo que der vontade?
- Por que não? Respondeu calma Joana, pegando na mão do ex-patrão. Ao chegar no apartamento os dois se abraçaram, se amaram, se beijaram. A tarde gloriosa de amor terminou depois do anoitecer. 
Os dois conversaram lembrando fatos da vida quando ela era empregada, muita história Libório havia esquecido. Nunca mais havia passado momentos tão agradáveis, afinal, felicidade é momento, aquele era um marcante em sua vida. 
Ao levar Jona em casa, cantou, sorriu, pensou no novo encontro, que bom ela ter aparecido. Ao se despedir, perguntou quando poderia vê-la novamente. Ela olhou nos olhos, falou sorrindo e triste.
- Nunca mais meu querido! Amanhã, retorno a São Paulo, tenho minha família, dois filhos, meu marido me ama. Apenas atendi a desejos frustrados da juventude dentro de mim. Saiba que o encontro do Shopping não foi por acaso. Obrigado Libório.
Beijou-lhe os olhos, enxugou as lágrimas, entrou.

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