terça-feira, 20 de julho de 2010

GUINGA....

Guinga é o compositor que produz as melodias mais difíceis de serem tocadas...é um Dentista carioca que gradativamente foi abandonando a profissão, e se dedicando á música.Guinga é um ourives da música, assim como Aldir Blanc é um ourives da letra...produzem peças musicais e literárias...
Para exemplificar a complexidade dos seus acordes,relembro o que disse Chico Buarque, a respeito de, por que não cantava nos shows, uma parceria que tem com
o ex dentista:por que é dificil de tocar...nunca aprendí a tocar , a acompanhar,só quem sabe executar é êle....ou seja, é difícil cantar e acompanhar uma canção de Guinga, não é para todo mundo...as suas notas são próprias do compositor excêntrico, e o acompanhamento usa notas dissonantes e incomuns.


Você, Você (Canção Edipiana)
Chico Buarque
Composição: Guinga - Chico Buarque
Que roupa você veste, que anéis?
Por quem você se troca?
Que bicho feroz são seus cabelos
Que à noite você solta?
De que é que você brinca?
Que horas você volta?

Seu beijo nos meus olhos, seus pés
Que o chão sequer não tocam
A seda a roçar no quarto escuro
E a réstia sob a porta
Onde é que você some?
Que horas você volta?


Quem é essa voz?
Que assombração
Seu corpo carrega?
Terá um capuz?
Será o ladrão?
Que horas você chega?


Me sopre novamente as canções
Com que você me engana
Que blusa você, com o seu cheiro
Deixou na minha cama?
Você, quando não dorme
Quem é que você chama?


Pra quem você tem olhos azuis
E com as manhãs remoça
E à noite, pra quem
Você é uma luz
Debaixo da porta?
No sonho de quem
Você vai e vem
Com os cabelos
Que você solta?
Que horas, me diga que horas, me diga
Que horas você volta?


Catavento E Girassol
Guinga
Composição: Guinga E Aldir Blanc
Meu catavento tem dentro
O que há do lado de fora do teu girassol
Entre o escancaro e o contido
Eu te pedi sustenido
E você riu bemol
Você só pensa no espaço
Eu exigi duração
Eu sou um gato de subúrbio
Você é litorânea
Quando eu respeito os sinais
Vejo você de patins
Vindo na contra-mão
Mas, quando ataco de macho
Você se faz de capacho
E não quer confusão
Nenhum dos dois se entrega
Nós não ouvimos conselho:
Eu sou você que se vai
No sumidouro do espelho
Eu sou do Engenho de Dentro
E você vive no vento do Arpoador
Eu tenho um jeito arredio
E você é expansiva
(o inseto e a flor)
Um torce pra Mia Farrow
O outro é Woody Allen...
Quando assovio uma seresta
Você dança, havaiana
Eu vou de tênis e jeans
Encontro você demais:
Scarpin, soirée
Quando o pau quebra na esquina
Você ataca de fina
E me oferece em inglês:
É fuck you, bate-bronha
E ninguém mete o bedelho:
Você sou eu que me vou
No sumidouro do espelho
A paz é feita no motel
De alma lavada e passada
Pra descobrir logo depois
Que não serviu pra nada
Nos dias de carnaval
Aumentam os desenganos:
Você vai pra Parati
E eu pro Cacique de Ramos
Meu catavento tem dentro
O vento escancarado do Arpoador
Teu girassol tem de fora
O escondido do Engenho de Dentro da flor
Eu sinto muita saudade
Você é contemporânea
Eu penso em tudo quanto faço
Você é tão espontânea!
Sei que um depende do outro
Só pra ser diferente
Pra se completar
Sei que um se afasta do outro
No sufoco somente pra se aproximar
Cê tem um jeito verde de ser
E eu sou mais vermelho
Mas os dois juntos se vão
No sumidouro do espelho



Choro Pro Zé
Guinga
Ai, por que choras, sax, tanto assim?
Conta pra mim o que te faz sofrer
Sou teu amigo, fiz por merecer:
Sempre junto a ti
Sou o coração que faz você viver
Ai, por que choras, sax, tanto assim?
Não há motivo pra se arrepender
Confia em mim
Que em minha vida
Alegrias, horas tristes e vazias
Passo com você
A emoção que seduz
Solando um choro ou um blues
Me faz lembrar de outras noites muito azuis
Ouvindo o sax murmurar
Num baile ao luar
Frases pra sofisticada lady
Existe um sax em mim
Chorando baixinho assim
E é tão bonito uma lágrima cantar...
Um saxofone num bar
Me faz respirar
Sempre que o amor
Provocar em mim falta de ar

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