Na coluna de hoje, publicamos o restante do poema O Verdadeiro ABC dos cornos, de Zé da Galha e trechos do impagável folheto “Porque faz medo casar”, de Alceu Cabral de Vasconcelos
(F) - Feliz da vida é o corno
Que puxa, encolhe e repuxa
Teima e não larga a traíra
Finca o pé e estrebucha
Dizendo para os vizinhos
Eu não largo os meus baixinhos
Eis aí o corno Xuxa
(G) – Galheiro é o chifrudo
Que além de corno é tapado
Além de tapado é lerdo
Além de lerdo, abestado
Corno assim não tem mister
Pra se vingar da mulher
Se transforma num veado
(H) – Homem que é homem não chora
Diz o dito popular
Porém se levar um chifre
Não pode se controlar
A lágrima teima em correr
E não tendo o que fazer
O seu remédio é chorar
(I) – Interesseiro é o corno
Que só pensa no cifrão
Libera a sua mulher
Pra passear com o patrão
Pensando no cheque ouro
Ganha peruca de touro
Porém ganha o seu tostão.
(J) – Juramentado é o corno
Cujo destino é traçado
Antes mesmo de casar
Quando inda é namorado
Antes, durante e depois
Três chifres ao invés de dois
Este é o corno pré-datado.
(L) – Lamenta o corno chorão
Que a mulher o deixou só:
“ – Só resta um fio de cabelo
Grudado no paletó”
Vive a dita namorando
E o coitado escutando
Chitãozinho e Chororó.
(M) - Mulher também leva chifre
Mas ninguém lhe discrimina
Pois nesse mundo machista
O homem é quem domina
E paga o preço da fama
Porque se for ruim de cama
O chifre lhe contamina.
(N) – Narram os livros de história
Casos de chifre em seu texto
Até Euclides da Cunha
Se insere no contexto
Com dois chifres bem vistosos
E dentre os cornos famosos
Citam também Dom João Sexto
(O) – Outro corno conhecido
Que se valeu do gatilho
Para lavar sua honra
Mas ofuscou o seu brilho
Foi um cantor consagrado
Que ainda hoje é lembrado
Um tal Lindomar Castilho.
(P) – Portanto caros leitores
Sem dar motivo ou razão
Qualquer um está sujeito
A ganhar o medalhão
Dessa grande confraria
Que aumenta a cada dia
Na cidade e no sertão.
(Q) – Quando o cara é garanhão
Pensa que está sossegado
Mas se a mulher for tarada
Pode furar o cercado
E a partir desse dia
Lhe bota na confraria
Fica sendo o Rei do Gado.
(R) – Rei do Gado, mói-de-chifre,
Cornélio, Zé das Medalhas
Cornim, Peruca de Touro
São apelidos canalhas
Que ninguém deseja ter
Porém gosta de dizer
Com o pobre que tem galhas.
(S) – Se o cara for tranqüilo
E levar na putaria
O apelido não pega
E acaba a sua agonia
Porém se for esquentado
Pra sempre será taxado
Não terá paz um só dia.
(T) – Troglodita é o sujeito
Que maltrata a sua amada
E pensa que a mulher
Merece chute e porrada
O homem assim desse jeito
Se levar chifre é bem feito
A galha é bem empregada.
(U) – Um sujeito que não cumpre
Com suas obrigações
Deixa a mulher passar fome
E ainda diz palavrões
Não tem do que reclamar
Está sujeito a ganhar
Par de chifre e medalhões.
(V) – Vai também ganhar um par
Deste ornamento cruel
O sujeito que é legal
Direito e muito fiel
Bom, submisso e ameno…
Tudo demais é veneno,
Nem sempre é lua de mel.
(X) – Xarope pra curar chifre
Inda não foi inventado
Serrote não adianta
Chifre de corno é blindado
Mas é como dentadura
De início causa tortura
Depois deixa acostumado.
(Z) – Zé da Galha é um corninho
Que me ditou esse enredo
Eu deixo ele assinar só
Meu nome fica em segredo
Que o assunto é pegajoso
O chifre é contagioso
Só de falar tenho medo.
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