POR JOCA SOUZA LEÀO...
O florista foi cortar o cabelo na barbearia. Depois do corte, perguntou o preço e o barbeiro respondeu: “Não posso cobrar porque estou prestando serviço comunitário esta semana.” O florista ficou feliz da vida e foi embora. No dia seguinte, quando o barbeiro abriu a barbearia, encontrou um buquê de rosas e um bilhete de agradecimento do florista.
Mais tarde, foi a vez de um padeiro cortar o cabelo. Após o corte, quando foi pagar, ouviu do barbeiro: “Não posso cobrar porque estou prestando serviço comunitário esta semana.” O padeiro foi embora feliz. No dia seguinte, o barbeiro encontrou um cesto com pães e doces na porta da barbearia e um bilhete de agradecimento do padeiro.
Naquele mesmo dia, um deputado foi cortar o cabelo. Quando foi pagar, novamente disse o barbeiro: “Não posso cobrar porque estou prestando serviço comunitário esta semana.” O deputado ficou feliz e foi embora. Na manhã seguinte, quando o barbeiro abriu a porta, teve uma surpresa: havia uma fila aguardando que a barbearia abrisse. Todos deputados.
Essa é de Eça (de Queirós), escrita em Portugal há mais de cem anos. Mas bem que poderia ter sido escrita outro dia e aqui, como as historinhas de deputados brasileiros que se seguem aí.
Uma comissão de banqueiros foi ao Palácio Bandeirante para uma audiência com o hoje deputado Paulo Maluf, à época governador de São Paulo, nomeado pela ditadura militar. O chefe de gabinete anunciou: “Governador, a comissão dos bancos chegou.” Recomendou Maluf: “Mande depositar na minha conta das Ilhas Caimã.”
Severino Cavalcanti, presidente da Câmara dos Deputados, e Aloizio Mercadante, senador, estão dando uma entrevista do lado de fora do Congresso, quando um passarinho, em voo rasante, dá uma cagada na careca de Severino. “Mercadante, vê o que é isso aqui, na minha cabeça.” “É merda, Severino.” “Eu tô perguntando é o que tá fora.”
O deputado Heráclio Rego, o Heraclinho, filho do coronel Chico Heráclio, era tido e havido em Limoeiro como inteligente e versado, autor de muitas proezas. O coronel, no entanto, tinha opinião própria sobre as virtudes do filho: “É tão inteligente, que a verdade acaba e ele continua.”
Solenidade no Itamarati. O ministro Luiz Felipe Lampreia apresenta sua esposa ao deputado Valdemar Costa Neto. Simpática e diplomática, a esposa do ministro o saúda: “Já ouvi muito falar do senhor, deputado.” Diz Valdemar: “Mas ninguém prova nada, minha senhora.”
O ex-deputado Delfim Netto, na época todo-poderoso ministro da Fazenda, vai aos Estados Unidos negociar os juros da dívida brasileira com o FMI. Ao desembarcar, chovia a cântaros. O embaixador Mário Gibson, pernambucano, por sinal, o aguardava no JFK. E os dois seguiram direto para a sede do FMI. A chuva não dava trégua. E o carro teve que parar distante do edifício. Delfim propôs: “Arregacemos as calças, embaixador.” E lá se foram eles com suas capas, guarda-chuvas e calças arregaçadas. Já abrigados do aguaceiro, Gibson recomenda: “Ministro, abaixe a calça.” “Calma, embaixador! Primeiro, vamos tentar um acordo.”
Confirmada sua eleição para deputado federal em 2006, um repórter pergunta ao estreante Clodovil Hernandes se ele não tinha medo das cobras que ia encontrar no Congresso. Clodô dá um beliscãozinho na bochecha do repórter: “De cobras entendo eu, meu filho. Não tenho medo de nada. Sou feito cachorrinho. É só passar a mão nas minhas costas que eu já abano o rabo.”
Como disse um bêbado a Tarcísio Pereira no Bar Savoy nos anos 70: “Nóis sofre, mas nóis goza.”
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