terça-feira, 26 de julho de 2011

VERSOS DO POVO...

Otacílio Batista

Seis poetas geniais
honram da poesia o manto,
seis estrelas divinais,
que o mundo admira tanto:
Dante, Camões e Virgílio,
Louro, Dimas e Otacílio,
Não morrem, mudam de canto.

* * *

Lourinaldo Vitorino

As violas de luto soluçando
Dão adeus ao Bocage do repente,
Um fenômeno de arte, um expoente,
Que de cinco a seis décadas improvisando
Sua voz de trovão saiu rasgando
Modulando a palavra em cada nota
Pra cultura um nocaute, uma derrota,
Um desastre, uma perda, um golpe horrendo,
Enlutado o repente está perdendo
Otacílio Batista Patriota

* * *

Anísio Lira

Segue Otacílio a corrente,
poeta por excelência,
dotado da providência,
inspirado no repente,
vive na linha da frente,
como bom compositor,
formado sem ser doutor,
Deus lhe deu o dom de ser
repentista até morrer,
Poeta, Artista e Escritor.

* * *

Luciano Maia

Cantor das coivaras queimando o horizonte,
das brancas raízes expostas à lua,
da pedra alvejada, da laje tão nua
guardando o silêncio da noite no monte.
Cantor do lamento da água da fonte
que desce ao açude e lá fica a teimar
com o sol e com o vento, até se finar
no último adejo da asa sedenta,
que busca salvar-se da morte e inventa
cantigas de adeuses na beira do mar.

* * *

Mocinha de Passira

Quem vem de raça de puta
não fala de rapariga
sua mãe é leviana
sua avó é quenga antiga
a sua filha ganha a feira
vendendo o pé da barriga .



* * *

Manuel Xudu

Nessa vida de amargura
o camponês se flagela
chega em casa a meia-noite
tira a tampa da panela
vê o poema da fome
escrito no fundo dela.


* * *

Valentim Martins

Numa noite sertaneja
De uma lua prateada
Eu arranjei uma amada
E começou a peleja:
Eu tomei uma cerveja
E fui atrás de Maria
Eu entrava, ela saía…
Ela saia, eu entrava
Quando eu ia, ela voltava
Quando eu voltava, ela ia.

* * *

Josué Romano

Eu já suspendi um raio
E já fiz o tempo parar.
Já fiz estrela correr,
Já fiz sol quente esfriar.
Já segurei uma onça
Para um muleque mamar!

* * *

Anselmo Vieira

Pr’eu cantá na sua casa,
Meu patrão, me deu licença:
Se a cantiga não foi boa,
Desculpe Vossa Incelença,
Que às vez as coisas não sai
Do jeito que a gente pensa.

* * *

Zé Cardoso

Fui visitar o sertão
que nasci e me criei
achei tudo diferente
por três minutos pensei
ao invés de cantar alegre
senti saudade e chorei.

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