domingo, 24 de julho de 2011

O NOVO DISCO DE CHICO BUARQUE...




padding-left: 0px; line-height: 16px; font-weight: 700; ">Nina
.

"Nina diz que tem a pele cor de neve
E dois olhos negros como o breu
Nina diz que, embora nova
Por amores já chorou que nem viúva
Mas acabou, esqueceu

Nina adora viajar, mas não se atreve
Num país distante como o meu
Nina diz que fez meu mapa
E no céu o meu destino rapta
O seu

Nina diz que se quiser eu posso ver na tela
A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela
Posso imaginar por dentro a casa
A roupa que ela usa, as mechas, a tiara
Posso até adivinhar a cara que ela faz
Quando me escreve

Nina anseia por me conhecer em breve
Me levar para a noite de moscou
Sempre que esta valsa toca
Fecho os olhos, bebo alguma vodca
E vou"
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Sou Eu

Chico Buarque

Composição: Ivan Lins / Chico Buarque

Na minha mão
O coração balança
Quando ela se lança
No salão
Pra esse ela bamboleia
Pra aquele ela roda a saia
Com outro ela se desfaz
Da sandália

Porém depois
Que essa mulher espalha
Seu fogo de palha
No salão
Pra quem que ela arrasta a asa
Quem vai lhe apagar a brasa
Quem é que carrega a moça
Pra casa
Sou eu
Só quem sabe dela sou eu
Quem dá o baralho sou eu
Quem manda no samba sou eu

O coração
Na minha mão suspira
Quando ela se atira
No salão
Pra esse ela pisca um olho
Pra aquele ela quebra um galho
Com outro ela quase cai
Na gandaia

Porém depois
Que essa mulher espalha
Seu fogo de palha
No salão
Pra quem que ela arrasta a asa
Quem vai lhe apagar a brasa
Quem é que carrega a moça
Pra casa
Sou eu
Só quem sabe dela sou eu
Quem dá o baralho sou eu
Quem dança com ela sou eu
Quem leva este samba sou eu
Etc.

Aurora, eu fiz agoraAurora, eu fiz agora
Venha, Aurora, ouvir agoraVenha, Aurora, ouvir agora
A nossa músicaA nossa música
Depressa, antes que um outro compositorDepressa, antes que um outro compositor
Me roube e toque e troque as notas no song bookMe roube e toque e troque as notas no song book
E estrague tudo e exponha na televisãoE estrague tudo e exponha na televisão
O nosso amorO nosso amor
A nossa íntima cançãoA nossa íntima canção
Os nossos segredos escancaradosOs nossos segredos escancarados
Nos trinados de um ladrãoNos trinados de um ladrão
Que vai cantando sem pudorQue vai cantando sem pudor
A minha última cançãoA minha última canção
Venha, meu amor, venha ouvir, AuroraVenha, meu amor, venha ouvir, Aurora
A nossa músicaA nossa música
Mas só se for agoraMas só se for agora
Venha ouvir sem mais demoraVenha ouvir sem mais demora
A nossa músicaA nossa música
Que estou roubando de outro compositorQue estou roubando de outro compositor
E já retoco os versos com maior talentoE já retoco os versos com maior talento
Dou um polimento e exponho na televisãoDou um polimento e exponho na televisão
O nosso amorO nosso amor
A nossa íntima cançãoA nossa íntima canção
As nossas mais tórridas confidênciasAs nossas mais tórridas confidências
Para audiências mundo aforaPara audiências mundo afora
E vai lançar seu nome, AmoraE vai lançar seu nome, Amora
A minha última cançãoA minha última canção
Venha, meu amor, venha ouvir, AmoraVenha, meu amor, venha ouvir, Amora
A nossa músicaA nossa música
O nosso amorO nosso amor
A nossa íntima cançãoA nossa íntima canção
Com nossos segredos, os mais picantesCom nossos segredos, os mais picantes
Nos rompantes de um tenorNos rompantes de um tenor
Que vai cantando com tremorQue vai cantando com tremor
A minha última cançãoA minha última canção
Venha, meu amor, venha ouvir, TeodoraVenha, meu amor, venha ouvir, Teodora
A nossa músicaA nossa música


Querido Diário
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque


Hoje topei com alguns conhecidos meus
Me dão bom-dia, cheios de carinho
Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus
Eles têm pena de eu viver sozinho
Hoje a cidade acordou toda em contramão
Homens com raiva, buzinas, sirenes, estardalhaço
De volta a casa, na rua recolhi um cão
Que de hora em hora me arranca um pedaço
Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração
Amar uma mulher sem orifício
Hoje afinal conheci o amor
E era o amor uma obscura trama
Não bato nela nem como uma flor
Mas se ela chora, desejo me inflama
Hoje o inimigo veio me espreitar
Armou tocaia lá na curva do rio
Trouxe um porrete a mó de me quebrar
Mas eu não quebro porque sou macio, viu

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