sexta-feira, 10 de junho de 2011

CIRCO VIVE É DE ILUSÃO...

Noite carioca - Murilo Mendes



Noite da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro
tão gostosa.
que os estadistas europeus lamentam ter conhecido tão tarde.
Casais grudados nos portões de jasmineiros...
A baía de Guanabara, diferente das outras baías, é camarada,
recebe na sala de visita todos os navios do mundo
e não fecha a cara.
Tudo perde o equilíbrio nesta noite,
as estrelas não são mais constelações célebres,
são lamparinas com ares domingueiros,
as sonatas de Beethoven realejadas nos pianos dos bairros distintos
não são mais obras importantes do gênio imortal,
são valsas arrebentadas...
Perfume vira cheiro,
as mulatas de brutas ancas dançam o maxixe nos criouléus suarentos
O Pão de Açúcar é um cão de fila todo especial
que nunca se lembra de latir pros inimigos que transpõem a barra
e às 10 horas apaga os olhos pra dormir.

Murilo Monteiro Mendes (Juiz de Fora, 13 de maio de 1901 - Lisboa, Portugal, 13 de agosto de 1975) - Poeta da chamada 'segunda geração modernista', passou várias mudanças na linguagem aos longo de sua obra, do poema-piada, religioso ao surrealismo. É considerado um dos mais importantes poetas brasileiros. Publicou livros de poemas, de prosa e de frases. Viveu os últimos quinze anos de sua vida em Roma, onde deu aula de Literatura Brasileira


Saudades da Guanabara

Moacyr Luz
Composição : Moacyr Luz, Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro


Eu sei
Que o meu peito é lona armada
Nostalgia não paga entrada
Circo vive é de ilusão (eu sei...)
Chorei
Com saudades da Guanabara
Refulgindo de estrelas claras
Longe dessa devastação (...e então)
Armei
Pic-nic na Mesa do Imperador
E na Vista Chinesa solucei de dor
Pelos crimes que rolam contra a liberdade
Reguei
O Salgueiro pra muda pegar outro alento
Plantei novos brotos no Engenho de Dentro
Pra alma não se atrofiar (Brasil)
Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro
Três por quatro da foto e o teu corpo inteiro
Precisa se regenerar
Eu sei
Que a cidade hoje está mudada
Santa Cruz, Zona Sul, Baixada
Vala negra no coração
Chorei
Com saudades da Guanabara
Da Lagoa de águas claras
Fui tomado de compaixão (...e então)
Passei
Pelas praias da Ilha do Governador
E subi São Conrado até o Redentor
Lá no morro Encantado eu pedi piedade
Plantei
Ramos de Laranjeiras foi meu juramento
No Flamengo, Catete, na Lapa e no Centro

Pois é pra gente respirar (Brasil)
Brasil
Tira as flechas do peito do meu Padroeiro
Que São Sebastião do Rio de Janeiro
Ainda pode se salvar

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