quarta-feira, 1 de setembro de 2010

FELICIDADES...CHEGOU A PRIMAVERA..


Temo o mês de Agosto...será superstição?não...é um mês no mínimo sem gosto, quando não muito ruim...Graças a Deus ja passou...neste, passei os trinta dias doente...muitas viroses, torcicolo, diverticulite...
Bem dito seja a primavera...a estação das flores...a primavera é o exemplo de maior grandeza, aos olhos, no espetáculo do mundo,que olhos vêem:A PRIMAVERA NÃO ESCOLHE JARDINS...de uma hora para outra, TODAS AS FLORES SE ABREM, OS JARDINS SE PERFUMAM, A BELEZA DERRAMA SOBRE OS OLHOS, A IMPORTANCIA DA VIDA...FICA BONITO A JANELA DO APARTAMENTO DO MILIONÁRIO, NO SEU EDIFÍCIO DE VIDRO, E FICA LINDA A LATADA DO PEÃO, NO SEU CARAMANCHÃO DE ESPERANÇA,abençoado pela mão de DEUS...
Quem tiver olhos que veja...veja as flores do homem comum se abrirem na primavera, com a mesma intensidade e beleza como se abrem no jardim do barão do governo...do que vive as custas do dinheiro dos pobres...é a primavera...são as flores. Veja a alegria rebelde,que ninguém retira do coração do justo.Vinicus dizia, eu só queria ser a sua primavera, e depois morrrer...
Quanto a mim, me apaixonei em cada primavera,e tentei sorver como uma abelha, o encanto das suas flôres...


Primavera

Cecília Meireles


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.


Primavera
Carlos Lyra
Composição: Vinicius de Moraes / Carlos Lyra
O meu amor sozinho
É assim como um jardim sem flor
Só queria poder ir dizer a ela
Como é triste se sentir saudade

É que eu gosto tanto dela
Que é capaz dela gostar de mim
Acontece que eu estou mais longe dela
Que da estrela a reluzir na tarde

Estrela, eu lhe diria
Desce à terra, o amor existe
E a poesia só espera ver nascer a primavera
Para não morrer

Não há amor sozinho
É juntinho que ele fica bom
Eu queria dar-lhe todo o meu carinho
Eu queria ter felicidade

É que o meu amor é tanto
É um encanto que não tem mais fim
E no entanto ela não sabe que isso existe
É tão triste se sentir saudade

Amor, eu lhe direi
Amor que eu tanto procurei
Ah! quem me dera eu pudesse ser
A tua primavera e depois morrer

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