UM TEXTO DE ELIANE CANTANHÊDE
OS BRAÇOS DIREITOS
A reportagem da revista “Veja” sobre o novo escândalo diz que o “consultor” Fábio Baracat era obrigado a deixar do lado de fora o celular, a caneta e o relógio sempre que ia conversar e tomar um vinho fora do Planalto com Erenice Guerra e seu filho lobista, quando ela era secretária-executiva de Dilma Rousseff na Casa Civil. Ou seja: ele não podia entrar com nada que pudesse gravar o encontro.
Isso faz toda a diferença entre a história da Casa Civil de Erenice/ Dilma e a da Casa Civil de Waldomiro Diniz/José Dirceu. Se Waldomiro tivesse evitado filmadoras nos seus encontros com bicheiros, não teria sido exposto ao país pela TV pedindo propina quando era da Loteria do Estado do Rio. E, diante de reportagens a respeito, poderia simplesmente se fazer de vítima de um complô maligno das elites (empresários, imprensa, tucanos…).
Valdomiro era braço direito do braço direito de Lula. Quando caíram os dois, Erenice virou braço direito da nova braço direito de Lula. Ela, porém, nunca foi filmada em situações normais ou comprometedoras com bicheiros, nem com empresários, filhos e lobistas.
Assumiu a Casa Civil e estava pronta para continuar poderosa em caso de vitória de Dilma, não fosse o tal Baracat falastrão. Por ora, porém, é a palavra dele contra a dela. Não há filmes nem gravações.
No debate de domingo Folha/ Rede TV!, José Serra chamou a Casa Civil de “central de maracutaias”, e Dilma disse que não poderia responder pelo “filho de uma ex-assessora”. Renegou sua sólida parceria com Erenice e reduziu a ministra indicada por ela para o principal cargo do governo a mera “ex-assessora”. Uma ingratidão.
É improvável que isso tenha efeito nas eleições, mas é um carimbo para um eventual governo Dilma, ainda mais com dossiês, quebras de sigilo e métodos heterodoxos de sufocar adversários. Eleição passa, mas personagens e histórias ficam, assombrando unanimidades.
.
Fábio Baracat, afastado da MTA e brigando na justiça contra o sócio Alfonso Reis, argentino que controla a empresa através da Centurion, deu a entrevista para Veja, que gravou tudo e voou para a Europa.
Já o argentino, que esteve em Brasília para a posse de Arthur Rodrigues Silva na ECT, mora nos Estados Unidos.
* * *
Santa briga esta entre os dois tubarões. Um resolveu se vingar do outro botando a boca no trombone. E a pátria saiu lucrando.
A cachorrada pelo controle da empresa de cargas MTA é que fez com que Fabio Baracat decidisse revelar o envolvimento da ministra Erenice Guerra e do filho dela, Israel, no negócio de R$ 59,8 milhões da empresa com os Correios.
Fortalecido com o êxito do contrato que negociou, Baracat adquiriu dois aviões no exterior para reforçar a frota de DC-10 da MTA, a fim de atender os Correios. Acontece que ele foi afastado pelo sócio Alfonso Reis, argentino que controla a MTA através da americana Centurion. Desde que foi afastado da empresa, Fabio Baracat iniciou uma luta judicial para ser reintegrado e receber indenização por dano moral.
Alfonso Reis mora nos EUA. Esteve em Brasília para a posse do amigo Arthur Rodrigues Silva na diretoria de Operações dos Correios. O coronel-aviador Arthur Rodrigues trabalhava para a MTA até ser confirmado por Erenice Guerra no cargo diretor de Operações da ECT. Tutti buona genti da famiglia.
Os dois espertinhos, Alfonso e Baracat, depois de arengados, bateram asas pros estrangeiros e, impiedosos, largaram a ministra do beição e do pescoço grosso, junto com o filhote querido, no fogo em território nacional.
Uma dúvida que transmito pros leitores: qual dos dois a gente poderia acusar de agente tucano a serviço da candidatura de Zé Serra?
OS BRAÇOS DIREITOS
A reportagem da revista “Veja” sobre o novo escândalo diz que o “consultor” Fábio Baracat era obrigado a deixar do lado de fora o celular, a caneta e o relógio sempre que ia conversar e tomar um vinho fora do Planalto com Erenice Guerra e seu filho lobista, quando ela era secretária-executiva de Dilma Rousseff na Casa Civil. Ou seja: ele não podia entrar com nada que pudesse gravar o encontro.
Isso faz toda a diferença entre a história da Casa Civil de Erenice/ Dilma e a da Casa Civil de Waldomiro Diniz/José Dirceu. Se Waldomiro tivesse evitado filmadoras nos seus encontros com bicheiros, não teria sido exposto ao país pela TV pedindo propina quando era da Loteria do Estado do Rio. E, diante de reportagens a respeito, poderia simplesmente se fazer de vítima de um complô maligno das elites (empresários, imprensa, tucanos…).
Valdomiro era braço direito do braço direito de Lula. Quando caíram os dois, Erenice virou braço direito da nova braço direito de Lula. Ela, porém, nunca foi filmada em situações normais ou comprometedoras com bicheiros, nem com empresários, filhos e lobistas.
Assumiu a Casa Civil e estava pronta para continuar poderosa em caso de vitória de Dilma, não fosse o tal Baracat falastrão. Por ora, porém, é a palavra dele contra a dela. Não há filmes nem gravações.
No debate de domingo Folha/ Rede TV!, José Serra chamou a Casa Civil de “central de maracutaias”, e Dilma disse que não poderia responder pelo “filho de uma ex-assessora”. Renegou sua sólida parceria com Erenice e reduziu a ministra indicada por ela para o principal cargo do governo a mera “ex-assessora”. Uma ingratidão.
É improvável que isso tenha efeito nas eleições, mas é um carimbo para um eventual governo Dilma, ainda mais com dossiês, quebras de sigilo e métodos heterodoxos de sufocar adversários. Eleição passa, mas personagens e histórias ficam, assombrando unanimidades.
.
Fábio Baracat, afastado da MTA e brigando na justiça contra o sócio Alfonso Reis, argentino que controla a empresa através da Centurion, deu a entrevista para Veja, que gravou tudo e voou para a Europa.
Já o argentino, que esteve em Brasília para a posse de Arthur Rodrigues Silva na ECT, mora nos Estados Unidos.
* * *
Santa briga esta entre os dois tubarões. Um resolveu se vingar do outro botando a boca no trombone. E a pátria saiu lucrando.
A cachorrada pelo controle da empresa de cargas MTA é que fez com que Fabio Baracat decidisse revelar o envolvimento da ministra Erenice Guerra e do filho dela, Israel, no negócio de R$ 59,8 milhões da empresa com os Correios.
Fortalecido com o êxito do contrato que negociou, Baracat adquiriu dois aviões no exterior para reforçar a frota de DC-10 da MTA, a fim de atender os Correios. Acontece que ele foi afastado pelo sócio Alfonso Reis, argentino que controla a MTA através da americana Centurion. Desde que foi afastado da empresa, Fabio Baracat iniciou uma luta judicial para ser reintegrado e receber indenização por dano moral.
Alfonso Reis mora nos EUA. Esteve em Brasília para a posse do amigo Arthur Rodrigues Silva na diretoria de Operações dos Correios. O coronel-aviador Arthur Rodrigues trabalhava para a MTA até ser confirmado por Erenice Guerra no cargo diretor de Operações da ECT. Tutti buona genti da famiglia.
Os dois espertinhos, Alfonso e Baracat, depois de arengados, bateram asas pros estrangeiros e, impiedosos, largaram a ministra do beição e do pescoço grosso, junto com o filhote querido, no fogo em território nacional.
Uma dúvida que transmito pros leitores: qual dos dois a gente poderia acusar de agente tucano a serviço da candidatura de Zé Serra?
Nenhum comentário:
Postar um comentário