sexta-feira, 17 de setembro de 2010

CAMBALACHOS...








A CARTA DE DEMISSÃO DA SANTINHA ERENICE GUERRA...

“Nos últimos dias, fui surpreendida por uma série de matérias veiculadas por alguns órgãos da imprensa, contando acusações que envolvem familiares meus e ex-servidor lotado nessa pasta.

Tenho respondido uma a uma, buscando escalarecer o que se publica e, principalmente, a verdade dos fatos, defrontando-me com toda sorte de afirmações, ilações ou mentiras que visam desacreditar meu trabalho e atingir o governo ao qual sirvo.

Não posso, não devo e nem quero furtar-me à tarefa de esclarecer todas essas acusações e nem posso deixar qualqur dúvida pairando acerca da minha honradez e da seriedade com a qual me porto no serviço público. Nada fiz ou permiti que se fizesse ao longo de 30 anos de minha trajetoria publica, que não tenha sido no estrito cumprimento de meus deveres.

Prova irrefutável dessa minha postura é que já solicitei à Comissao de Ètica abertura de procedimentos para esclarecimentos dos fatos aleivosamente contra mim levantados.

A Controladoria Geral da União, a auditação dos atos relativos à anac, dos correios e da contratação de parecer jurídico na EPE, além de solicitar ao Ministério da Justça a abertura dos procedimentos que se fizerem necessários no âmbito daquela pasta apra esclarecer os citados fatos.

No entanto, mesmo com todas medidas por mim adotadas, inclusive com a abertura de meus sigilos bancário, telefônico e fiscal, a sórdida campanha para desconstituição da minha imagem, do meu trablho e da minha família continua implacável. Não apresentam uma única prova sobre minha participação em qualquer dos pretensos atos levianamente questionados, mas, mesmo assim, estampam diariamente manchetes cujo único objetivo é criar e alimentar aritificialmente um clima de escândalo. Não conhecem os limites.

Senhor presidente, por ter formação cristã, não desejo nem para o pior de meus inimigos que venha a passar por uma campanha de desqualificação como a que se desencadeou contra mim e minha família.

Preciso agora de paz e tempo para defender a mim e à minha família, fazendo com que a verdade prevaleça, o que se torna incompativel com a carga de trablho que tenho a honra de desempenhar na Casa Civil.

Por isso, agradecendo a confiança de Vossa Excelência ao designar-me para honrosa função de ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, solicito, em caráter irrevogável, que aceite meu pedido de demissão.

Brasília, 16 de setembro de 2010

Erenice Guerra”



UM TEXTO DE ELIO GASPARI


A PARENTELA DE ERENICE

Erenice Guerra chorou quando Lula levou-a para conhecer o Palácio da Alvorada. Seu pai fora um dos candangos que deixaram o sertão nordestino na segunda metade dos anos 50 para construir Brasília.

Pedreiro, ajudara a montar aquela caixa de vidro e mármore. Em 1958, os peões da empreiteira da obra do palácio quebraram barracões do acampamento onde viviam porque encontraram vermes na carne que lhes era servida. As revoltas dos candangos não fazem parte da crônica épica da construção de Brasília.

A filha do candango do Alvorada diplomou-se em Direito, criou quatro filhos na cidade-satélite de Guará, tornou-se servidora pública, militou nas ações sociais da igreja católica e ajudou a organizar o PT.

Passou pela Secretaria de Segurança do Distrito Federal e pela Eletronorte. Como consultora jurídica do Ministério de Minas e Energia, conheceu Dilma Rousseff.

Uma história comovente, variante dos “2 Filhos de Francisco”, eco do estucador Pedro Nieddu, o avô de Fernanda Montenegro que trabalhou na construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

A história de Erenice, de um Brasil capaz de tudo, no qual uma jovem mãe que percorria as ruas de Guará numa bicicleta se tornou chefe da Casa Civil da Presidência, desembocou na rotina das vorazes parentelas de Brasília.

Erenice voltou ao palácio no último domingo, para explicar a Nosso Guia as circunstâncias em que o neto do pedreiro do Alvorada virou despachante de pleitos milionários na sua área de influência.

Aos 19 anos, seu filho Israel entrou no mundo dos negócios como sócio de uma empresa montada pela mãe e registrada em nome de uma professora casada com um auxiliar de bombeiro hidráulico. Seu nome: Asa Imperial.

O propósito: “atividades de investigação particular”, “segurança e vigilância privada”. (O PT conquistara o governo de Brasília havia dois anos, em 1995, e Erenice chefiava o gabinete do secretário de Segurança da cidade.)

Em 2006, Israel tornou-se gerente técnico da maternal Agência Nacional de Aviação Civil. Dois anos depois pousou no gabinete do senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO).

Saulo, irmão de Israel, é dono da Capital Assessoria e Consultoria Empresarial, contratada por uma linha aérea para azeitar a venda de serviços aos Correios. Tem como sócia Sonia Castro, mãe de Vinicius Castro (ex-Anac), sobrinho do ex-diretor de operações dos Correios. Até segunda-feira ele foi assessor da secretaria-executiva da Casa Civil.

Antonio Eudacy Alves Carvalho, irmão de Erenice, esteve na Controladoria Geral da União e na Infraero, mãe de tantos bons companheiros.

Maria Euriza de Carvalho, outra irmã da doutora, trabalhou no Ministério do Planejamento e é consultora da Empresa de Pesquisa Energética, de onde contratou, sem licitação, o serviço da banca de advocacia onde trabalhava Eudacy.

José Euricélio, outro irmão de Erenice, foi funcionário do Ministério das Cidades.

Ao longo de 15 anos, a partir da instalação de um governo petista no Distrito Federal, quatro filhos e dois netos do pedreiro do Alvorada passaram por pelo menos 14 cargos nas áreas de transportes, saúde, planejamento, segurança, energia e burocracia legislativa.

Pelo visto, pode ter sido pouco.

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