QUANDO A ARTE COPIA A VIDA...

A VIOLEIRA...
Na minha cidade tinha uma moça educada, prendada, pintava e bordava, era filha de fazendeiro e era interna no colégio das freiras, para ser uma dama...mas, o homem põe, e DEUS dispõe...
No término do curso ginasial, vai estudar em guarabira, Pb, interna no colégio da luz...onde faz o curso pedagógico e retorna á sua cidade, e vai ser professora... é aí que o destino estava muitíssimo enganado...
A professora, recém chegada, começa a apresentar delírios e alucinações, e é dado o diagnóstico de Ezquizofrenia:delírios, alucinações e ilusões...
Com o passar do tempo, pobreza e abandono, o relento, a chuva...passou a ser uma andarilha, que caminhava do RN para são paulo e voltava por manaus... ia de carona, com os caminhoneiros... a passagem era paga com sexo... tome filhos, sem pai...
No início, achava interessante a BIPARTIÇÃO DO CERÉRBRO... havia instantes que a própria moça ria dos seus disparates...era o vestígio do do seu lado normal... faz parte...esquizo quer dizer partir...psicologicamente o cérebro é partido em dois...
Tempos depois, Chico Buarque fez uma canção intitulada A violeira, que diz muita coisa da vida desta pobre moça.
A Violeira
Chico Buarque
Composição: Tom Jobim/Chico Buarque
Desde menina
Caprichosa e nordestina
Que eu sabia, a minha sina
Era no Rio vir morar
Em Araripe
Topei como chofer dum jipe
Que descia pra Sergipe
Pro Serviço Militar
Esse maluco
Me largou em Pernambuco
Quando um cara de trabuco
Me pediu pra namorar
Mais adiante
Num estado interessante
Um caixeiro viajante
Me levou pra Macapá
Uma cigana revelou que a minha sorte
Era ficar naquele Norte
E eu não queria acreditar
Juntei os trapos com um velho marinheiro
Viajei no seu cargueiro
Que encalhou no Ceará
Voltei pro Crato
E fui fazer artesanato
De barro bom e barato
Pra mó de economizar
Eu era um broto
E também fiz muito garoto
Um mais bem feito que o outro
Eles só faltam falar
Juntei a prole e me atirei no São Francisco
Enfrentei raio, corisco
Correnteza e coisa-má
Inda arrumei com um artista em Pirapora
Mais um filho e vim-me embora
Cá no Rio vim parar
Ver Ipanema
Foi que nem beber jurema
Que cenário de cinema
Que poema à beira-mar
E não tem tira
Nem doutor, nem ziguizira
Quero ver que é que tira
Nós aqui desse lugar
Será verdade
Que eu cheguei nessa cidade
Pra primeira autoridade
Resolver me escorraçar
Com tralha inteira
Remontar a Mantiqueira
Até chegar na corredeira
O São Francisco me levar
Me distrair
Nos braços de um barqueiro sonso
Despencar na Paulo Afonso
No oceano me afogar
Perder os filhos
Em Fernando de Noronha
E voltar morta de vergonha
Pro sertão de Quixadá
Tem cabimento
Depois de tanto tormento
Me casar com algum sargento
E todo sonho desmanchar
Não tem carranca
Nem trator, nem alavanca
Quero ver que é que arranca
Nós aqui desse lugar