domingo, 5 de maio de 2013

HOMENS TRAEM, CACHORROS NÃO...

CACHORRO PODE SER TESTEMUNHA?

essa é do meu amigo o grande Juiz e pensador Amauri Martins Ferreira titular da Vara de Cajur-SP -

Imperdível: O DIA EM QUE O CACHORRO SERVIU COMO TESTEMUNHA DO JUÍZO >

 O Reclamante dizia ter trabalhado dois anos no sítio Ribeirão Vermelho, em Cajuru. >

 A Reclamada, uma professora, negou a prestação de serviços. Em audiência disse que conheceu o Reclamante no átrio do fórum: > - Onde já se viu uma coisa dessas, doutor? > >

Na audiência, o Reclamante trouxe declarações que davam viabilidade a que se reconhecesse que, se ele não trabalhara, sabia bastante sobre o sítio e sobre a vida familiar da Reclamada, o que tornava a alegação de desconhecimento cabal pouco provável. > >
 Não havia testemunha; a convidada pelo Autor deu o cano.

A Ré nadava de braçadas, processualmente falando. > >

Resolvi fazer inspeção judicial.
Fomos ao Sítio Ribeirão Vermelho. > O plano era encontrar o irmão da Reclamada e buscar informações sobre o caso. A tese do "nunca vi mais gordo" era inverossímil, > > Chegamos lá e o irmão não estava. O Reclamante, seguro do que dizia. A Reclamada se acomodava na tese do "nem conheço". > > Um cachorro na coleira; perguntei o nome ao Reclamante. Ele disse: > - Esse é o Leão. > > Foi chegando perto e mudou a versão: > - Não, não; não é o Leão, doutor. > > Papo vai, papo vem, assunto aqui, com o Reclamante, assunto ali, com a Reclamada...

e vi um cachorro dormindo, há uns vinte metros. > > Perguntei ao Reclamante: > -

Qual é o nome daquele cachorro, seu moço? > - Ah!, doutor...aquele é o Rajão, com certeza! > -

Então chama ele! > - Rajão!, chamou o Reclamante. > >

O cachorro levantou as orelhas e abriu os olhos... ato contínuo levantou-se e foi correndo em direção ao Reclamante, uma festa só. > >

Se a Reclamada jurava que nunca conhecera o Reclamante, e que ele nunca pisara no sítio, Rajão dizia o contrário: O Reclamante, quando menos, era habituê no pedaço. > >

Tive segurança -

 certeza inequívoca - de que o Reclamante, ou trabalhara no Ribeirão Vermelho, ou pelo menos tivera vivência no lugar. > >

Mais dez minutos e chega o irmão da Reclamada. Conversa dura, o irmão entra em contradição (nunca vi; conheço da cidade; nunca veio aqui, nunquinha...). > >

 Contei da história do reconhecimento do Reclamante pelo Rajão e o irmão claudicou, sentiu o golpe. > > Mais um pouco de conversa e ele entregou tudo: > > -

O Reclamante trabalhou aqui no Ribeirão Vermelho, recebia salário de tanto, o dinheiro saía das minhas mãos ou das mãos da minha irmã, era eu quem trazia comida para ele, ele morava naquele cômodo ali, água ele bebia água do corgo (a mesma água servida ao Rajão), etc, etc. > >

Não fosse o Rajão e a história seria outra. Devo ao Rajão o conforto de não ter cometido um erro judiciário. > > Este foi um feliz dia de cão. > > Amauri > VT Cajuru.

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