sábado, 18 de maio de 2013

BANHO DE CHUVA...POR BERNARDO CELESTINO PIMENTEL.




SEMPRE TIVE PRAZER AO

ESCUTAR A CHUVA...

A CHUVA ME TRÁS UMA ANSIEDADE PRAZEROSA...

ESCUTO NA CHUVA TUDO DE MIM ...O QUE FUI,O QUE SOU E O QUE VIREI A SER...

SINTO EM MIM  A CRIANÇA VESTINDO CAPA E GALOCHAS SOMENTE PELO PRAZER DE NÃO SE MOLHAR...

SINTO O CALOR DAS COLCHAS DE FLANELAS, COM AS QUAIS MINHA MÃE ME AGASALHAVA,E ME DAVA UM BEIJO PARA QUE EU ADORMECESSE...

TODAS ESTAS LEMBRANÇAS ME CAUSAM UM VAZIO E ME TORTURAM...

MINHA  ALMA AINDA PARA NAS PEQUENAS LEMBRANÇAS, QUE SE FAZEM TÃO GRANDES, DENTRO DESTE HOMEM JÁ FEITO OU DENTRO DESTA ETERNA CRIANÇA...

COMO AMO A CHUVA...

QUE SINFONIA ESTRANHA, FAMILIAR PRAZEROSA E TRISTE, É A ZOADA DA CHUVA NAS TELHAS,NO CHÃO,MOLHANDO O MEU EU PROFUNDO...

E ESTA CONSCIÊNCIA DA FALTA DO MEU EU?

E  SE JÁ NÃO TOMO BANHO NA BICA,POIS A ÁGUA QUE BATIA NO MEU CORPO, JÁ NÃO ME TRÁS MAIS A ESPERANÇA E A PROMESSA DE VIDA...

A GENTE VIVE DA MORTE DO EU PROFUNDO...DO EU DAS PEQUENAS COISAS...

TRISTE DE MIM QUE NÃO TOMO MAIS BANHO NA BIQUEIRA...

EXISTE A BICA, TEM A CHUVA, MAS FALTA-ME AS SENSAÇÕES...
E É PELA FALTA DAS SENSAÇÕES QUE O HOMEM MORRE...DEFINHA...SE ACABA...

TENHO SAUDADES DO TEMPO EM QUE A CHUVA SÓ ME TRAZIA ESPERANÇAS...

A ESPERANÇA IMPAR, DE QUE EU PODIA TER ESPERANÇAS...

HOJE, DA MINHA SALA,ESCUTO A CHUVA, OLHANDO PARA TUDO QUE JÁ MORREU...

EM CADA MÓVEL ANTIGO,VEJO UM RETRATO, UM GESTO, UMA SAUDADE,QUE ERAM PARTE DA MINHA ESPERANÇA  E DA MINHA CHUVA ANTIGA,QUE SÓ ME MOLHOU A  ALMA NA MINHA INFÂNCIA...

AGORA,A MINHA CHUVA É O BANHO MORNO, QUE SÓ ME DÁ FRIO....

DEBAIXO DO CHUVEIRO, ESCUTO A CHUVA E UM PEDAÇO DA DOR FANTASMA, QUE FICOU NA MINHA MENTE,  UM POUCO AMPUTADA PELO PASSADO.

POR QUE FICOU A CHUVA E EU NÃO FIQUEI....?

POR QUE EU FIQUEI SEM A CHUVA,QUE ME MOLHAVA E ILUMINAVA A MINHA VIDA INTERIOR?

DE QUANTOS INVERNOS PRECISA UMA ALMA PARA REJUVENECER E TOMAR BANHO DE BICA ?

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