sábado, 24 de novembro de 2012

UMA CASCATA...






LIBERTADO NO DIA DA CONDENAÇÃO

Carlos Chagas
Contando lá fora, ninguém acredita: no mesmo dia em que foi condenado a cinco anos de prisão, Carlinhos Cachoeira foi posto em liberdade. Explicações existem: sua pena será cumprida em regime semiaberto, não tendo chegado aos oito anos exigidos para prisão fechada. Já estava preso há 266 dias. Ganhou  habeas-corpus e aguardará  sua sentença em casa até que transite em julgado.  Tudo de acordo com a lei, mas mesmo assim…
Mesmo assim, o que fica do episódio para quem não mergulha nos meandros da ciência jurídica é que um preso  saiu da cadeia  no dia de sua condenação a cinco anos. Uma contradição.
As coincidências não param, pois na mesma terça-feira inusitada o relator da  CPI do Cachoeira divulgou seu relatório indiciando menos gente do que se esperava.  O deputado Odair Cunha acusa a empresa Delta por dar aparência legal a um sistema de corrupção, mas deixa de incriminar seu presidente, Fernando Cavendish, ao tempo em que absolve os governadores Sérgio Cabral, do Rio,  e Agnelo Queirós, de Brasília, mas investe sobre Marconi  Perilo, de Goiás, os três supostamente ligados à Delta e a Carlinhos Cachoeira.
Em suma, é a confusão generalizada. Em termos legislativos, fica mais uma vez exposta a fragilidade das Comissões Parlamentares de Inquérito, sempre sujeitas a interesses políticos e partidários. O PT queria infernizar a vida de uns, o PSDB de outros. Resultado: a maioria foi para o céu. Seria preciso repensar  o poder das CPIs, na realidade, nenhum. Encaminhar seus relatórios à Justiça revela-se iniciativa atrasada, já que em quase todos os casos os tribunais já estão atuando. Deixar a composição dessas comissões entregue aos  partidos significa confirmar que os mais fortes sempre conseguirão impor sua vontade aos mais fracos. Ou então, como agora, dar empate.
É de Otávio Mangabeira a  imagem sobre ser a democracia uma plantinha tenra que necessita ser regada todos os dias. Nada mais correto. Antes que ela cresça, vicejam as pragas. Os mensaleiros continuam soltos, Carlinhos Cachoeira volta aos seus negócios.

Um comentário:

  1. Não existem provas contra Cabral, a amizade que ele tem com Cavendish não diz nada.

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