CAMINHAVA A BOIADA POR LÉGUAS E LÉGUAS,CANTANDO O SEU ABOIO...ABOIANDO...
O ABOIO É O CANTO DO VAQUEIRO...
GERALMENTE É UM CANTO EM TOM MENOR, TRISTE, QUE CONDICIONA O CAMINHAR DA BOIADA...
NO ABOIO O VAQUEIRO CONTA O SEU PRAZER PELA VIDA DE GADO, SOMANDO A SUA DOR SURDA, INTERIOR, DE VIDA PESADA,DE MUITO TRABALHO PARA UM FAZENDEIRO RICO...
Á TRISTEZA DO ABOIO DO VAQUEIRO, SE SOMA O MUNGIDO FÚNEBRE DOS BOIS...PRA MIM, OS DOIS CAMINHAM PARA A MORTE...
O PRIMEIRO MORRE EXPLORADO, E OS SEGUNDOS TERMINAM NO MATADOURO...
MAS RAIMUNDO JOCA, O PRIMO DE GONZAGA, ACHAVA QUALQUER RÊS DESGARRADA DA BOIADA, AINDA QUE TIVESSE QUE PROCURAR TRÊS DIAS...
CERTO DIA, UM FAZENDEIRO PROCUROU JOCA, DIZENDO QUE UM TOURO SEU HAVIA SE EVADIDO HÁ DIAS DA BOIADA...
PERGUNTOU SE ELE PODERIA AJUDAR A ENCONTRA-LO...
RAIMUNDO JOCA FOI, DESAPARECEU NAS MATAS...PASSARAM DIAS...NEM NOTÍCIAS SUAS, NEM DO TOURO...
DIAS DEPOIS, ENTRA NA CASA DE JOCA,O SEU FIEL CACHORRO, QUE SAÍRA NA PROCURA, COM O DONO...
O CACHORRO ESTAVA VISIVELMENTE TRISTE, MAGRO, FAMINTO E SEDENTO...
OS PARENTES DE JOCA LHE DERAM DE COMER E DE BEBER, OBSERVANDO O ANIMAL TRISTONHO...ACABRUNHADO...
APÓS COMER E BEBER, O CACHORRO VOLTOU EM DISPARADA PARA A MATA...NISTO, A FAMÍLIA AFLITA DE RAIMUNDO JOCA ACOMPANHA O CANINO...
O CACHORRO PARA DEBAIXO DE UMA ÁRVORE ONDE HAVIA UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO...
JOCA HAVIA MORRIDO...
ATINGIDO POR UMA PEDRADA NA FRONTE...
MORREU DE UM TCE...
BASEADO NESTE FATO REAL , LUIZ GONZAGA COMPÔS A MORTE DO VAQUEIRO, ONDE ELE TAMBÉM FAZ ALUSÃO AO SEU FIEL AMIGO: O CACHORRO.
A Morte do Vaqueiro
Luíz Gonzaga
Numa tarde bem tristonha
Gado muge sem parar
Lamentando seu vaqueiro
Que não vem mais aboiar
Não vem mais aboiar
Tão dolente a cantar
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
Bom vaqueiro nordestino
Morre sem deixar tostão
O seu nome é esquecido
Nas quebradas do sertão
Nunca mais ouvirão
Seu cantar, meu irmão
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
Sacudido numa cova
Desprezado do Senhor
Só lembrado do cachorro
Que inda chora
Sua dor
É demais tanta dor
A chorar com amor
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Tengo, lengo, tengo, lengo,
tengo, lengo, tengo
Ei, gado, oi
E... Ei...
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