SONETO DA REDESCOBERTA – Augusto Severo Neto
Perdi as minhas vestes de granito
rolando paredões de antigos montes
meus braços se alongaram e foram pontes
ligando-me, mortal, ao infinito
rolando paredões de antigos montes
meus braços se alongaram e foram pontes
ligando-me, mortal, ao infinito
O aceno dos meus dedos, como um rito
inaugurava novos horizontes
moldava os gestos, germinava as fontes
onde afogou-se o indecifrável mito
inaugurava novos horizontes
moldava os gestos, germinava as fontes
onde afogou-se o indecifrável mito
Calcei os meus dois pés de sal e espuma
meus olhos eu perdi dentro da bruma
de ocasos impossíveis e vermelhos
meus olhos eu perdi dentro da bruma
de ocasos impossíveis e vermelhos
e emaranhando o corpo nos sargaços
do inelutável mar dos meus cansaços
redescobri-me dentro dos espelhos
do inelutável mar dos meus cansaços
redescobri-me dentro dos espelhos
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