A HORA DE PEDIR O BONÉ
Carlos Chagas
Com todo o respeito e correndo o risco de represálias, não há como evitar o comentário: o voto mais esdrúxulo, contraditório e velhaco na decisão do Supremo Tribunal Federal que condenou José Dirceu por crime de corrupção ativa foi do ministro Dias Toffoli. Ainda bem que oito integrantes da mais alta corte nacional de justiça desmoralizaram o ex-advogado do PT e braço jurídico da Casa Civil nos tempos de José Dirceu. Deixaram o douto jurista de calças na mão.
Admite-se que Ricardo Lewandowski, votando pela absolvição dos líderes do PT, agiu conforme sua consciência. Teve todo o direito de errar, dentro das máximas do regime democrático.
Mas Dias Toffoli lambuzou-se todo. Porque obviamente para retribuir ao ex-patrão as benesses recebidas, até sua designação para o Supremo, decidiu eximi-lo das culpas de chefe da quadrilha da corrupção. Mas de forma cruel condenou quantos se encontravam sob as ordens de Dirceu, como José Genoíno, Delúbio Soares, Marcos Valério e outros. Quer dizer, mandou os Sete Anões para a fogueira mas poupou a Bruxa Malvada.
Depois de Joaquim Barbosa não perdoar ninguém, Rosa Weber e Carmem Lúcia mostraram-se indignadas. Gilmar Mendes acusou o próprio Lula. Marco Aurélio lembrou que no Brasil ninguém sabe de nada. O decano Celso Mello bateu firme e Ayres Brito jogou a pa-de-cal num dos maiores escândalos da República.
Pois Dias Toffoli mostrou que falta alguém em Nuremberg. Felizmente, sendo contraditado, isolado e massacrado pela maioria de seus pares. Não seria o caso de pedir o boné?
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