quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O POETA DA SAUDADE...


Versos de Antonio Pereira de Morais:
Saudade depois de morta
Inda nasce eu dou a prova,
Quem duvidar plante e faça
Um fogo em cima da cova
E com três dias vá vê
Se a saudade não renova.
Quando nos vê a cauã
Cantar seis horas da tarde,
Em cima de um alto monte,
Triste que faz piedade,
Já está cantando, coitada,
Pra não morrer de saudade.
Saudade é como cobreiro
Desses que dão na cintura,
Saudade é como lanceta
No peito da criatura,
Tocou no cume se corta
Tocou na ponta se fura.
Saudade é como a resina,
No amor de quem padece,
O pau que resina muito
Quando não morre adoece,
É como quem tem saudade
Não morre, mas não esquece.
Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem destorcendo num sai.
Um grito triste, à tardinha
Toda montanha estremece,
Todo passado renova,
Toda saudade aparece,
O velho abaixa a cabeça,
Fica triste, a lágrima desce.
Saudade tem cinco fios
Puxando a eletricidade,
Um na alma, outro no peito,
Um amor, outro amizade,
O derradeiro a lembrança
Dos dias da mocidade.
Quem quiser plantar saudade,
Primeiro escalde a semente,
Depois plante em lugar seco
Onde bata o sol mais quente,
Pois se plantar no molhado
Quando nascer mata gente.
Adão me deu dez saudades
Eu lhe disse: muito bem!
Dê nove, fique com uma
Que todas não lhe convêm.
Mas eu caí na besteira,
Não reparti com ninguém.
* * *
Quem ama sofre calado,
Ausente de seu amor!
Tornando-se um sofredor…
Porque não vê ao seu lado,
Seu coração é magoado!
Pra viver não tem ação…
Seu mundo vira ilusão…
A tristeza a mente invade…
No silêncio da saudade!
Só quem fala é o coração.
Quem ama sofre calado
Seu peito é tristeza e dor
Tornando-se um sofredor…
Porque não tem ao seu lado,
Seu amor mais desejado
Pra viver não tem ação…
Seu mundo vira ilusão…
A tristeza a mente invade…
No silêncio da saudade!
Só quem fala é o coração.

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