Versos de Antonio Pereira de Morais:
Saudade depois de morta
Inda nasce eu dou a prova,
Quem duvidar plante e faça
Um fogo em cima da cova
E com três dias vá vê
Se a saudade não renova.
Inda nasce eu dou a prova,
Quem duvidar plante e faça
Um fogo em cima da cova
E com três dias vá vê
Se a saudade não renova.
Quando nos vê a cauã
Cantar seis horas da tarde,
Em cima de um alto monte,
Triste que faz piedade,
Já está cantando, coitada,
Pra não morrer de saudade.
Cantar seis horas da tarde,
Em cima de um alto monte,
Triste que faz piedade,
Já está cantando, coitada,
Pra não morrer de saudade.
Saudade é como cobreiro
Desses que dão na cintura,
Saudade é como lanceta
No peito da criatura,
Tocou no cume se corta
Tocou na ponta se fura.
Desses que dão na cintura,
Saudade é como lanceta
No peito da criatura,
Tocou no cume se corta
Tocou na ponta se fura.
Saudade é como a resina,
No amor de quem padece,
O pau que resina muito
Quando não morre adoece,
É como quem tem saudade
Não morre, mas não esquece.
No amor de quem padece,
O pau que resina muito
Quando não morre adoece,
É como quem tem saudade
Não morre, mas não esquece.
Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem destorcendo num sai.
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem destorcendo num sai.
Um grito triste, à tardinha
Toda montanha estremece,
Todo passado renova,
Toda saudade aparece,
O velho abaixa a cabeça,
Fica triste, a lágrima desce.
Toda montanha estremece,
Todo passado renova,
Toda saudade aparece,
O velho abaixa a cabeça,
Fica triste, a lágrima desce.
Saudade tem cinco fios
Puxando a eletricidade,
Um na alma, outro no peito,
Um amor, outro amizade,
O derradeiro a lembrança
Dos dias da mocidade.
Puxando a eletricidade,
Um na alma, outro no peito,
Um amor, outro amizade,
O derradeiro a lembrança
Dos dias da mocidade.
Quem quiser plantar saudade,
Primeiro escalde a semente,
Depois plante em lugar seco
Onde bata o sol mais quente,
Pois se plantar no molhado
Quando nascer mata gente.
Primeiro escalde a semente,
Depois plante em lugar seco
Onde bata o sol mais quente,
Pois se plantar no molhado
Quando nascer mata gente.
Adão me deu dez saudades
Eu lhe disse: muito bem!
Dê nove, fique com uma
Que todas não lhe convêm.
Mas eu caí na besteira,
Não reparti com ninguém.
Eu lhe disse: muito bem!
Dê nove, fique com uma
Que todas não lhe convêm.
Mas eu caí na besteira,
Não reparti com ninguém.
* * *
Quem ama sofre calado,
Ausente de seu amor!
Tornando-se um sofredor…
Porque não vê ao seu lado,
Seu coração é magoado!
Pra viver não tem ação…
Seu mundo vira ilusão…
A tristeza a mente invade…
No silêncio da saudade!
Só quem fala é o coração.
Ausente de seu amor!
Tornando-se um sofredor…
Porque não vê ao seu lado,
Seu coração é magoado!
Pra viver não tem ação…
Seu mundo vira ilusão…
A tristeza a mente invade…
No silêncio da saudade!
Só quem fala é o coração.
Quem ama sofre calado
Seu peito é tristeza e dor
Tornando-se um sofredor…
Porque não tem ao seu lado,
Seu amor mais desejado
Pra viver não tem ação…
Seu mundo vira ilusão…
A tristeza a mente invade…
No silêncio da saudade!
Só quem fala é o coração.
Seu peito é tristeza e dor
Tornando-se um sofredor…
Porque não tem ao seu lado,
Seu amor mais desejado
Pra viver não tem ação…
Seu mundo vira ilusão…
A tristeza a mente invade…
No silêncio da saudade!
Só quem fala é o coração.
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