DEZ MESTRES DO IMPROVISO
Poeta cantador pernambucano Oliveira de Panelas, atualmente radicado na Paraiba
Oliveira de Panelas
(Quando do falecimento do poeta repentista Otacílio Batista)
(Quando do falecimento do poeta repentista Otacílio Batista)
Por ser leal cantador
Vivemos os mesmos planos
Em nossos 23 anos
Entre a alegria e a dor
Porém quis o Criador
Lhe envolver em um véu
Para receber o troféu
Que Deus lhe deu de presente
Hoje foi fazer repente
Nas cantorias do céu.
Vivemos os mesmos planos
Em nossos 23 anos
Entre a alegria e a dor
Porém quis o Criador
Lhe envolver em um véu
Para receber o troféu
Que Deus lhe deu de presente
Hoje foi fazer repente
Nas cantorias do céu.
* * *
Lourinaldo Vitorino
(Também em homenagem a Otacílio Batista)
(Também em homenagem a Otacílio Batista)
As violas de luto soluçando
Dão adeus ao Bocage do repente,
Um fenômeno de arte, um expoente,
Que de cinco a seis décadas improvisando
Sua voz de trovão saiu rasgando
Modulando a palavra em cada nota
Pra cultura um nocaute, uma derrota,
Um desastre, uma perda, um golpe horrendo,
Enlutado o repente está perdendo
Otacílio Batista Patriota.
Dão adeus ao Bocage do repente,
Um fenômeno de arte, um expoente,
Que de cinco a seis décadas improvisando
Sua voz de trovão saiu rasgando
Modulando a palavra em cada nota
Pra cultura um nocaute, uma derrota,
Um desastre, uma perda, um golpe horrendo,
Enlutado o repente está perdendo
Otacílio Batista Patriota.
* * *
Pinto do Monteiro
(Quando do falecimento do poeta Rogaciano Leite)
(Quando do falecimento do poeta Rogaciano Leite)
Começou junto comigo
Conduzindo uma viola
Cantando em qualquer artigo
Glosando em toda bitola
Andando em toda ribeira
Vivendo de feira em feira
Por São Vicente e Sumé
Prata, Boi Velho e Monteiro
Bom Jesus e São José.
Conduzindo uma viola
Cantando em qualquer artigo
Glosando em toda bitola
Andando em toda ribeira
Vivendo de feira em feira
Por São Vicente e Sumé
Prata, Boi Velho e Monteiro
Bom Jesus e São José.
* * *
Jesus de Miúdo
Eu já fui aboiador, já fui vaqueiro,
Derrubando boi na faixa pelo rabo
Eu também já amansei burro brabo
Já cantei pra donzela, fui seresteiro.
Trabalhei de arquiteto, de engenheiro
Projetei carro pra mover-se à gás
No repente ganhei mil festivais
Hoje em dia sou palhaço da alegria
Perguntando aqui no Circo da Poesia:
O que é que me falta fazer mais?
Derrubando boi na faixa pelo rabo
Eu também já amansei burro brabo
Já cantei pra donzela, fui seresteiro.
Trabalhei de arquiteto, de engenheiro
Projetei carro pra mover-se à gás
No repente ganhei mil festivais
Hoje em dia sou palhaço da alegria
Perguntando aqui no Circo da Poesia:
O que é que me falta fazer mais?
Eu projetei as pirâmides do Egito
A água doce do rio Nilo eu destilei!
Fui faraó da nação que tanto amei
Ouvindo o povo me chamando de bendito.
Reuni minha história num escrito
E vi Cleópatra em vestidos sensuais
Conquistando-me com trejeitos divinais
Pra me amar como a outro não amou
Mas um dia ela assim me perguntou:
E o que é que lhe falta fazer mais?
A água doce do rio Nilo eu destilei!
Fui faraó da nação que tanto amei
Ouvindo o povo me chamando de bendito.
Reuni minha história num escrito
E vi Cleópatra em vestidos sensuais
Conquistando-me com trejeitos divinais
Pra me amar como a outro não amou
Mas um dia ela assim me perguntou:
E o que é que lhe falta fazer mais?
Dei uns toques a um tal de Avicena
Para escrever sobre a ciência Medicina
Descobri a molécula da morfina
E disse a Seturne: Isso aqui não envenena.
Fiz Shakespeare escrever peça obscena.
Falei pra Ghandi: vai promover a sua paz.
Johanes Kepler era apenas um rapaz
Quando lhe dei as leis da geometria.
Agora pergunto, e por favor você não ria:
O que é que me falta fazer mais?
Para escrever sobre a ciência Medicina
Descobri a molécula da morfina
E disse a Seturne: Isso aqui não envenena.
Fiz Shakespeare escrever peça obscena.
Falei pra Ghandi: vai promover a sua paz.
Johanes Kepler era apenas um rapaz
Quando lhe dei as leis da geometria.
Agora pergunto, e por favor você não ria:
O que é que me falta fazer mais?
* * *
Manoel Xudu
A arte do passarinho
Nos causa admiração:
Prepara o ninho de feno,
No meio bota algodão
Para os filhotes implumes
Não levarem um arranhão.
Nos causa admiração:
Prepara o ninho de feno,
No meio bota algodão
Para os filhotes implumes
Não levarem um arranhão.
* * *
Carneiro e Serrador
Carneiro
Serrador me diga com qual intenção
Você veio aqui sem documento
E quem foi que lhe deu consentimento
Para entrar sem minha ordem no sertão
Nesta terra me conhecem por Sultão
Da cidade de Crato ao Seridó,
Cajazeiras, Rolim e Piancó,
Da cidade de Marcos à Catingueira,
Em Pombal, Catolé, Patos e Teixeira,
São lugares que o Carneiro brinca só.
Você veio aqui sem documento
E quem foi que lhe deu consentimento
Para entrar sem minha ordem no sertão
Nesta terra me conhecem por Sultão
Da cidade de Crato ao Seridó,
Cajazeiras, Rolim e Piancó,
Da cidade de Marcos à Catingueira,
Em Pombal, Catolé, Patos e Teixeira,
São lugares que o Carneiro brinca só.
Serrador
Carneiro velho esteja enganado
Que não existe sultão em nossa terra
E no deserto de nossa grande serra
Outro cantor para mim tem escapado
Cantador muito velho habilitado
Em meus pés tem perdido a pabulagem
Homem novo, instruído de coragem,
Tem posto em grande desespero
Uma vez que eu dando em dez carneiro
Ainda não digo a ninguém que fiz vantagem.
Que não existe sultão em nossa terra
E no deserto de nossa grande serra
Outro cantor para mim tem escapado
Cantador muito velho habilitado
Em meus pés tem perdido a pabulagem
Homem novo, instruído de coragem,
Tem posto em grande desespero
Uma vez que eu dando em dez carneiro
Ainda não digo a ninguém que fiz vantagem.
* * *
Antonio Maracajá
Velho cantando com moço
Dá muito pouco prazer
Que tudo que o velho faz
O moço que desfazer
O velho porque já foi
O moço porque quer ser.
Dá muito pouco prazer
Que tudo que o velho faz
O moço que desfazer
O velho porque já foi
O moço porque quer ser.
* * *
Onésimo Maia
Fico feliz quando canto
Meus versos de improviso
Os dedos chutando as cordas
Os lábios com ar de riso
Sopra o vento de repente
Raspando o chão do juízo.
Meus versos de improviso
Os dedos chutando as cordas
Os lábios com ar de riso
Sopra o vento de repente
Raspando o chão do juízo.
* * *
Anselmo Vieira
Patrão, eu tô lhe pedindo
Sua boa proteção,
Deixei o meu natural,
A poeira do meu chão,
E vim pra este lugá
Coberto de precisão,
Me valendo dum e doutro,
Mode vê que é que me dão,
Só não quero que me digam:
“Vá trabaia, seu ladrão”.
Sua boa proteção,
Deixei o meu natural,
A poeira do meu chão,
E vim pra este lugá
Coberto de precisão,
Me valendo dum e doutro,
Mode vê que é que me dão,
Só não quero que me digam:
“Vá trabaia, seu ladrão”.
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