ABDIQUEI DE TUDO,
abdiquei do mundo,
sempre me escondi de mim...
sou dono do meu próprio exílio,
nunca fui hoje,
vivo de quando,
só penso se...
eu, um fugitivo de mim mesmo.
Sempre tangenciei a vida,
minha luta foi com a mente,
não obstante o coração que sente,
nunca deu forças as minhas asas...
pensei em tudo,
sempre ví demais,
mas fugí de mim...
quis ser só,
optei em ser sozinho,
vi futuros e passados,
mas optei por nunca...
Na música,preferí ás harmonias,
não fiz carreira solo,
fugí da orquestra que sou,
para cantarolar em beira de abismos,
cãnticos dúbios,
estressantes,
frios e sombrios,
transbordo como rios.
seco nas minhas fontes...
Sempre quis mas não fiz...
sou um pássaro de tudo,
quando tentei a colheita,
o meu eu era mudo.
eu , o pensador de mim mesmo,
eu, o meu investigador,
eu, o meu próprio suplício,
eu o meu prazer...
perdí os barcos,
perdi os trens,
mas eu vou,
com ou sem...
voando nas asas dos meus próprios pássaros,
eu, sobrando,
eu escasso...
Sempre evitei colocar os pés no chão,
flutuei como uma paixão,
vida aérea,
de sonhos e pão:
nunca coube dentro de mim mesmo,
as minhas salas sempre me asfixiaram,
continuei despido de tudo,
o tempo escorreu pelos dedos,
com a lentidão de quem passa um rosário entre os dedos
comprendí tudo,
fui claro?
Eu, a minha propria flor,
colhi as minhas longas manhãs,
degustei meus proprios venenos,
na minha alma,
um som ameno.
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