sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A LITERATURA DE VIOLANTE PIMENTEL...

Há várias décadas, roubaram todas as imagens que compunham o oratório de Dona Clarinha Medeiros, uma senhora muito católica, que ia à Missa diariamente e fazia parte da irmandade das “Filhas de Maria”, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, antiga Catedral de Natal (RN).
Muito compadecido, o vigário da paróquia, Padre Antônio Moreira, no sermão da Missa das nove horas do domingo, lançou uma campanha para ajudar à referida senhora, que, aliás, tinha uma boa situação financeira. O padre fez um apelo aos fiéis ali presentes, para que todos contribuíssem com uma imagem de um santo ou santa, para que Dona Clarinha Medeiros pudesse reconstituir o seu oratório.SANTOS EM RESINA - CENAS DO CAMINHO  - A CAMPANHA
A velha senhora chorou na Igreja, ao contar ao padre o ocorrido, e disse-lhe que não tinha dinheiro suficiente para comprar novamente as imagens de sua devoção.
A história se espalhou, e algumas pessoas acharam um absurdo o padre fazer essa inusitada campanha, para ajudar uma pessoa de classe média, que pertencia a uma tradicional família da cidade.
Mesmo assim, as mulheres que frequentavam a Igreja se empenharam em ajudar Dona Clarinha, arrecadando, em comissão, as doações de imagens, nas casas das pessoas que quisessem colaborar.
Aos domingos, depois da Missa das nove horas, a casa de Carmen Pimentel, que ficava atrás da antiga catedral, era sempre frequentada por algumas tias carolas e algumas amigas. Ficavam todas conversando na sala de visitas, até a hora do almoço. Numa dessas conversas, surgiu o assunto da campanha em prol do oratório de Dona Clarinha, lançada pelo padre Antônio Moreira.
Entre opiniões contrárias e a favor, Dona Idyla Lima, uma tia de Carmen, solteirona e muito religiosa, confessou que já havia contribuído para a campanha, doando a Dona Clarinha Medeiros um dos seus santos, que, inclusive, era bento.
Carmen Pimentel, que era contra a campanha, por saber que a mulher tinha boa situação financeira, disse para a tia, em tom de censura:
- Mas tia Idyla, a senhora teve coragem de dar um dos seus santinhos a Dona Clarinha Medeiros, uma mulher rica, que nem precisa disso?!!! Pois eu jamais daria a alguém um dos meus santos!!! Tenho devoção a todos!!!
A tia Idyla Lima, que era muito inteligente e tinha um senso de humor acurado, querendo se justificar perante a sua querida sobrinha Carmen Pimentel, respondeu:
- Mas Cacá, o santo que eu dei a Dona Clarinha é um santinho vira-lata!!!
A gargalhada foi geral…

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