sábado, 21 de fevereiro de 2015

A LITERATURA DE FERNANDO SABINO...


O trecho a seguir é de crônica sua intitulada Dez Minutos de Idade:
“A enfermeira surgida de uma porta me impôs silêncio com o dedo junto aos lábios e mandou-me entrar. Estava nascendo ! Era um menino. Nem bonito nem feio; tem boca, orelhas, sexo e nariz no seu devido lugar, cinco dedos em cada mão e em cada pé. Realizou a grande temeridade de nascer e saiu-se bem da empreitada. Já enfrentou dez minutos de vida. Ainda traz consigo, nos olhinhos esgazeados, um resto de eternidade.
(…).
Nada te posso dar senão um nome. Nada posso te dar. No teu primeiro instante de vida minha estrela não se apagou. Partiu-se em duas e lá do alto uma delas te espera, será tua. Nada te posso dar senão um nome e uma estrela. Se acreditares em estrela, vai buscá-la”.

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