sábado, 21 de fevereiro de 2015

A POESIA DE FLORBELA ESPANCA...



HORAS RUBRAS –
 Florbela Espanca







Horas profundas, 
lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas …
Oiço as olaias rindo desgrenhadas…
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p’las estradas…
Os meus lábios são brancos como lagos…
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras…
Sou chama e neve branca e misteriosa…
e sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

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