sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

AS TIRADAS DA NOSSA MÃE : LIA PIMENTEL...

O CAIXEIRO-VIAJANTE
Chico Brito era um comerciante de Natal (RN), do ramo de tecidos, cuja esposa era muito amiga de Dona Lia Pimentel. Sua loja, que tinha o nome de “Casa Pérola” , era localizada no Bairro da Ribeira, onde, nessa época, o comércio de Natal se concentrava. Dentro da loja, o comerciante mantinha seu escritório comercial, não lhe faltando clientes para atender. Todos os dias, Chico Brito estava na sua loja, pela manhã e à tarde. Era a menina dos seus olhos e a sua segunda família.
Nesse tempo remoto, bem aquém da modernidade da Internet, sempre chegavam a Natal, os caixeiros-viajantes, que eram representantes comerciais dos fornecedores, e traziam amostras de variados tecidos que estavam na moda, para que os comerciantes fizessem suas escolhas e pedidos.CAIXEIRO-VIAJANTE III
Esses caixeiros-viajantes, geralmente, tinham um sotaque diferente do “nordestino”. Falavam com a língua enrolada, passando-se por sulistas ou por gringos, o que, de certa forma, influenciava nas transações. Sempre tinham boa aparência, eram educados, e muito bem treinados para vender sua mercadoria.
Numa certa tarde, por volta de catorze horas, Dona Lia Pimentel encontrava-se na residência de Chico Brito, conversando amenidades com a grande amiga Nazinha, esposa do comerciante. De repente, alguém tocou a campainha. A dona da casa foi atender e percebeu que se tratava de um caixeiro-viajante. O homem trazia duas grandes bolsas nas mãos, e tinha jeito de estrangeiro. Muito educado, dirigiu-se, gentilmente, à dona da casa, e falou, misturando francês com português:
- Bonsoir, madame! Monsieur Britô” está?
Dona Nazinha, semi-analfabeta, mas muito falante, pensou um pouco e respondeu “em cima da bucha”:
- Non, monsier! Meu maridô Britô almoçou, tomou bondê e foi Ribeirar. Se monsier quiser com ele falar, monsier vai ter que ir Ribeirar!!! Ele está na lojá”…
O caixeiro-viajante compreendeu que Chico Brito almoçou, tomou o bonde e foi para a Ribeira, precisamente para a sua loja.
O homem disse “Merci…Vou até lá …au revoir” e saiu.
Dona Nazinha olhou para a amiga Lia Pimentel, que tinha estudo e conhecia bem o idioma Francês, e teve a ousadia de explicar:
- Lia, eu falei com esse caixeiro-viajante em francês!!! Eu disse a ele que Brito almoçou, tomou o bonde e foi pra Ribeira. Se ele quiser falar com meu “maridô”, deve ir Ribeirar…
Dona Lia não conteve as gargalhadas, e disse à amiga:
- Você não é besta não, Nazinha? Você falou francês?!!!

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