terça-feira, 15 de maio de 2012

LITERATURA DE CORDEL...


Antônio Francisco
Nosso melão tem na casca
As cores do sol nascente
As rugas do nosso rosto
Riscadas pelo sol quente
E na carne dele o gosto
Do doce da nossa gente
* * *
Geraldo Amâncio
Não voltei pra minha aldeia,
já faz tempo que eu não vejo
meu primeiro realejo,
e a minha bola de meia;
brincar de toca na areia
nunca mais pude brincar
também não fui mais puxar
na porteira do pião.
Foi com dor no coração
que eu deixei o meu lugar.
Tendo chuva, tudo cria
tou feliz com meu roçado
meu “baxi” tá alagado
a roça tem garantia
tem maxixe e melancia
já tem “bagem” de feijão
meu Deus que satisfação
ou que paisagem importante.
A seca passou distante
do roçado do sertão.
Minha aurora foi embora
é isso que desanima
o crepúsculo se aproxima
minha noite se apavora
mocidade foi embora
nessa minha poesia
nossa vida é como dia
só é bom quando começa.
O tempo passou depressa,
fui feliz e não sabia .
* * *
Moacir Laurentino
O cantar do passarinho
é que o cantador se inspira
do talo da macambira
da ponte fina do espinho,
logo de manhã cedinho
quando se avista o clarão
e o bico dum gavião
matando a ninhada alheia
Verso só pega na veia
com rima e com oração
A poesia bem cantada
não é só vocabulário
é caboré solitário,
cantando de madrugada,
pra solidão da chapada
num meio da solidão
vive espiando o clarão
dos raios da lua cheia
Verso só pega na veia
com rima e com oração.
* * *
Eliseu Ventania
Pelo inverno, quando é de madrugada
A passarada dá sinal que o dia vem
Rio correndo, mato verde, açude cheio,
Naquele meio, todo mundo vive bem.
O sertanejo trabalhando em seu roçado
Muito animado com o ronco do trovão.
A meninada toma banho na lagoa,
Oh! Quanto é boa nossa vida no sertão.
* * *
Compadre Lemos
Prostituta, parteira ou entendida,
Dançarina, enfermeira ou cortesã,
Cangaceira ou doutora, é minha irmã,
Que são todos irmãos, em qualquer lida!
Sei que existe outra vida, além da vida,
Em que tudo se mostra e cai o pano
E se vê que o orgulho é puro engano
De quem pensa que Deus é pai de um só!…
Quem pensar dessa forma eu vou ter dó,
Nos Dez Pés do Martelo Alagoano!
* * *
Antônio Francisco
Pra nós sermos amigos de verdade,
Precisamos amar e querer bem;
Repartir nosso pão pela metade;
Dividir nossos sonhos com alguém;
Plantar uma semente de amizade
No jardim onde nasce a solidão
E dizer no ouvido do ermitão:
Plante um pé de amizade em sua horta!
Amizade é a chave que abre a porta
Do castelo onde mora o coração.
Dê uma volta no carro da amizade,
Puxe 80 km de amor!
Se desvie da estrada do rancor;
Solte os freios descendo a humildade;
Acenda os faróis da caridade;
Ilumine a estrada do irmão;
Baixe o vidro da porta e dê com a mão,
É um gesto é tão simples mas conforta.
Amizade é a chave que abre a porta
Do castelo onde mora o coração.
Se afaste do caos da vaidade;
Nunca pise na beira desse abismo
Nem se mele com a lama do egoísmo;
Beba água da fonte da verdade…
Só assim entraremos na cidade
Batizada com o nome de Sião.
Vamos todos, amigos, dar a mão!
Uma amizade sincera ninguém corta.
Amizade é a chave que abre a porta
Do castelo onde mora o coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário