segunda-feira, 21 de maio de 2012

FERNANDO PESSOA...




Faróis distantes, 
De luz subitamente tão acesa,
 
De noite e ausência tão rapidamente volvida,
 
Na noite no convés, que consequências aflitas!
 
Mágoa última dos despedidos,
 
Ficção de pensar...
Faróis distantes... 
Incerteza da vida...
 
Voltou crescendo a luz acesa avançadamente,
 
No acaso do olhar perdido...
Faróis distantes... 
A vida de nada serve...
 
Pensar na vida de nada serve...
 
Pensar de pensar na vida de nada serve...
Vamos para longe e a luz que vem menos grande. 
Faróis distantes...

Álvaro de Campos nasceu em Tavira, Algarve, Portugal, e depois se mudou para Glasgow, Escócia, onde foi estudar engenharia. Primeiro mecânica, depois naval. "Quase se conclui do que diz Campos, de que, o poeta vulgar sente espontâneamente com a largueza que naturalmente projetaria em versos como os que ele escreve; e depois, refletindo, sujeita essa emoção a cortes e retoques e outras mutilações ou alterações, em obediência a uma regra exterior. Nenhum homem foi alguma vez poeta assim" afirmou Ricardo Reis em um de seus apontamentos. Álvaro de Campos é um dos mais conhecidos heterônimos de Fernando Pessoa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário