domingo, 15 de abril de 2012

SOBRE COISAS RUINS....



não há gente pior que americano
nem covarde pior que o nazista
complicado do que o analista
perseguido maior que o cigano
amor grande igual ao de romeu
mais briguenta do que o amor meu
e um poeta maior que zé da luz
nem traíra maior do que silvério
lugar triste que nem o cemitério
e o martírio sofrido por jesus.

A saudade que doi e não se acaba
A sabença que vem do oriente
A beleza maior que o sol poente
E o rodar infinito na caaba
O cabrito mamando numa cabra
Dando soco puxando o leite quente
A lembrança de quem está ausente
o morrer solitário lá na guerra
pois quem morre sozinho não se enterra
desespero da mâe com o filho ausente

não ter agua mais dentro da cabaça
ver a fome entrando casa a dentro
a injustiça servindo de fermento
pra quem do desespero acha graça
o secar de um litro de cachaça
com bodegas a léguas de distância
a mulher que só vive na inconstãncia
quem quer tudo na vida e nada tem
um corrupto na missa diz amém
e o bandido que rouba nossa infãncia

ver a chuva sumir do meu torrão
o comprido estirão de uma estrada
um soldado matando lampião
camponês sem direito a uma enxada
o amor que falece peito a dentro
feito o visgo seboso de dalila
o ganir de um raivoso cão de fila
e o cantar solitário da concriz
o covarde mufino e infeliz
que se esconde com medo da matilha

o pior disso tudo é a injustiça
irmã gêmea da tal ingratidão
transformando o amigo em ladrão
que se esconde com medo da polícia
uma roça abortada pela seca
sem vingar nem sequer uma espiga
ver o ronco da fome na barriga
beber áqua coberta de sujeira
o chão duro sem ter uma esteira
companheiras no bucho só lombriga.

não tem nada pior que a vaidade
que corrompe o bom pai de família
é um lobo espulso da matilha
é o gesso na perna estrangulada
o batente que falta na escada
o ladrão de gravata e palitó
é a forca que não encontra nó
cadafalso sem ter uma platéia
é ver o nascer morto de uma idéia
desespero no nobre e amado jó.

é o cansaço perdido na lembraça
de quem vive sozinho lamentando
a magrês de uma rês se levantando
quando a seca produz sua lambança
um bezerro perdido da manada
andarilho dormindo na estrada
o estupro de uma donzela nobre
um pedreiro não ter a sua casa
o fogão que não mais existe brasa
ver o rico roubando o que é do pobre

ver um padre roubando a inocência
ou um gato matando um passarinho
na sorrelfa vem destruir seu ninho
sem piedade nem dó e nem clemência
ver o diabo tentando um ser descrente
destruindo jesus na sua mente
e um cavalo sofrendo de um aleijo
rio seco já morto sem ter vida
a passagem pra guerra só de ida
a mulher se negando a dar um beijo.

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