domingo, 8 de abril de 2012

A PRIMÍCIA E A JUSTIFICATIVA...



POR CÍCERO CAVALCANTI...


Fosse eu a madrugada, serias a lua
Fosse eu a fome, serias o pão
Serias sempre sim, quando eu fosse o não.
Serias a calçada, caso eu fosse a rua,
Eternamente juntos nessa caminhada.

Serias toda oásis, sendo eu deserto.
A árvore frondosa, sendo eu raiz.
Fosse eu o céu, serias minha nuvem,
Branca em bonança, negra em tempestade,
A estalar seus raios sobre os sonhos maus.

Sendo eu vazio, serias plenitude
A preencher completa, todo espaço meu,
Ou completar o espaço que preenche o eu.
E sendo eu pecado, serias a virtude
A portentosa ave a me levar pro céu.

Mas nem sempre sou e quase nunca és.
Somos somente o caminhar do tempo,
Presente e futuro, a se espalhar ao vento,
Ad eternum em plena harmonia.

E vamos compondo bela melodia,
Escrita em compassos infinitos,
Com sonoridades breves… semibreves…mínimas,
Na pauta que compõem a nossa era,
De realidade e de quimera.
Nossa difusa, semifusa e confusa espera.

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