terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O VERÃO...


O VERÀO...
DE PONTA Negra á barra de Cunhaú, a festa é uma só.
A BARRA DE CUNHAÚ ESTÁ UMA DELÍCIA

Na sexta á noite, fomos recebidos por José Geraldo e Marília... tocamos e cantamos até as quatro da manhã... eles são o corpo diplomático da barra.No nosso coral:Violante Pimentel, eduardo e Eveline furtado, duas procuradoras que cantam demais...
no sábado acordei com dádivas do engenho PITUASSÜ: CAJUS, e aguardente serra limpa, presentes de José Geraldo, o barão do PITUASSÜ. é o verão...são os amigos...é a família.
Luciano Moreira, de nova cruz, está cevando cento e oitenta goiamuns, para digerirmos com música, na sua casa, em trinta de Janeiro...um sábado...vou levar um sanfoneiro e um violão sete cordas.
eu acho é pouco...

Um comentário:

  1. O PESCADOR E O VENTO
    À Luís Maranhão Filho, onde estiver, in memoriam
    da infância na Praia do Meio e da adolescência no Atheneu

    Numa canoa de sol
    A manhã me faz ao largo.
    À noite tiro meu peixe.
    Um pargo.
    Moreia Sete Dentadas
    Cortantes como rocega
    Vento Nordeste, na volta
    Me pega.

    Ostra da arrebentação,
    Me lanha a tábua do queixo,
    Crava dente, tira bife
    Na gengiva do ar -
    recife.

    Vento filho de uma grota,
    Como uiva.
    Aracati de uma figa,
    Como briga.

    No Pontal do Sirigado
    Com seu chicote queimado
    Me surra.

    Na Croa da Água Bela
    Com seu anzol de barbela
    Me fisga.

    “Desgraçado, toma umas
    & outras, morre a teu gosto”
    Sopra o terral no seu buso
    Em agosto.

    “Dente ciso cariado,
    Cera do Dr. Lustosa,
    Japona, chapéu de palha,

    Talagada de aguardente
    Com siri de tira-gosto,
    Tudo isso é bom encosto”

    Sudeste, vento aloprado.
    Desarruma qualquer rota.
    Dá nó na barba do mar,
    Entorta vôo de gaivota.

    Vento ruim, bandoleiro,
    Sobrosso de terra e costa.
    Na Praia do Cotovelo,
    Já sem força no revólver

    Dispara bala de vento.
    O tiro bate no ar,
    Ricocheteia na Lua,
    No relento se dissolve.

    Na Ponta da Pedra Lisa
    Já de porre,

    Vira brisa, assovia
    Lento, morre.
    Numa rede de cem braças,
    Velha
    E suja,
    Fedendo a mijo de arraia,

    Debaixo do cajueiro
    como qualquer um de nós
    Se enterra o Vento
    Na praia.

    Barra do Cunhaú, RN,
    janeiro de 1976.

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